Bastidores e informações exclusivas e relevantes sobre os negócios e a economia do Espírito Santo

Nova ferrovia no ES: um detalhe importante sobre o futuro da Samarco

Ao mesmo tempo que garante a Vitória-Minas sob seu controle até 2057, a Vale faz um investimento estratégico para outro relevante ativo aqui no Estado: a Samarco

Publicado em 19/07/2023 às 15h36
Samarco
4º Usina de Pelotização da Samarco, em Anchieta. Crédito: Carlos Alberto Silva

A construção da alça da Ferrovia Vitória-Minas que irá de Santa Leopoldina até Ubu, em Anchieta, só fica economicamente de pé por conta da Samarco. São as mercadorias que vão e virão de lá que darão viabilidade à operação que a Vale se propõe a colocar em funcionamento até 2030 a um custo que superará os R$ 6 bilhões. A Samarco pertence à Vale (50%) e à BHP Billiton (50%). O conglomerado anglo-australiano não vai colocar um tostão nessa nova ferrovia, que é uma contrapartida da renovação antecipada da Vitória-Minas.

O fato é que, ao mesmo tempo que garante a Vitória-Minas sob seu controle até 2057, a Vale faz um investimento estratégico de olho em outro relevante ativo da companhia aqui no Estado: a Samarco. Com a nova alça, a mineradora do Sul do Estado, uma das mais produtivas do mundo, passa a não ser exclusivamente dependente das minas de Fundão, em Mariana (MG), palco da tragédia do rompimento das barragens de 2015 e cujo minério vem para Ubu por meio de três minerodutos. O impacto disso na Samarco é enorme. Hoje, a mineradora está limitada a algo perto de 30% de sua capacidade em Anchieta porque as minas de Mariana, sem as licenças necessárias, não podem extrair o minério suficiente. Se a ferrovia entre Santa Leopoldina e Anchieta já existisse, a Samarco poderia negociar a utilização de minério das várias minas que a Vale possui em Minas Gerais, todas conectadas à Vitória-Minas, e colocaria as quatro usinas de pelotização de Anchieta para funcionar na capacidade máxima.

A construção dessa alça no Sul do Estado é uma contrapartida assumida pela Vale, em 2020, por conta da renovação antecipada da concessão da Vitória-Minas, por onde passa todo o minério de ferro extraído em Minas Gerais que vai para Tubarão, onde é beneficiado ou diretamente exportado. Ou seja, a Vale depende umbilicalmente da Vitória-Minas.

Ninguém admite e nem admitirá, pelo menos não agora - ainda mais diante dos passivos sociais, econômicos e ambientais ainda pendentes causados pela tragédia de Mariana -, mas a Vale está acelerando o passo rumo ao controle acionário da Samarco. A ver as (muitas) cenas dos próximos capítulos.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.