Anunciado no final do mês passado, o plano de investimentos da Petrobras para os anos de 2024 a 2028 soma US$ 102 bilhões (quase meio trilhão de reais), 31% acima do pacote atual (2023 a 2027): US$ 78 bilhões (R$ 382,2 bilhões). O setor de exploração e produção vai abocanhar 72% disso tudo. O foco central seguirá sendo no pré-sal. Fora a plataforma Maria Quitéria, que começa a operar no Parque das Baleias, Sul do Estado, em 2025, nenhum grande projeto da maior área da Petrobras para o Espírito Santo pelo menos até 2028. Diante disso, onde é possível avançar?
Na avaliação de empresários e entidades ligados à indústria de energia do Estado, o investimento em projetos de baixo carbono precisa ganhar protagonismo por aqui. A principal mudança em relação ao plano anterior da Petrobras é o investimento de US$ 5,2 bilhões (R$ 25,48 bi) em geração eólica e solar. É parte do aumento dos aportes em projetos de baixo carbono, que vão receber US$ 11,5 bilhões (R$ 56,4 bilhões), o dobro do planejamento antigo.
A Petrobras já anunciou que pretende investir na geração de energia eólica offshore, no Sul do Estado, em parceria com a norueguesa Equinor, e que está de olho na produção de hidrogênio verde. A empresa já pressiona para conseguir fazer os seus projetos andarem - lembrando que ainda falta regulamentação federal para isso -, daí a importância de se criar uma boa ambiência local para que esses aportes, assim que liberados em Brasília, se deem em terras capixabas, afinal, também há projetos no Nordeste, no Sul e em outros estados do Sudeste. Ou seja, a pressão política também vai contar.
O plano inclui ainda o retorno da Petrobras ao segmento de fertilizantes, com a retomada da operação da Araucária Nitrogenados, no Paraná, e a conclusão das obras da UFN (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados) 3, em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. Na primeira década dos anos 2000, mesmo período em que estas unidades foram planejadas, a companhia fez o projeto para a construção da UFN 4 em Linhares, Norte do Estado. A volta desses projetos ao portfólio, na visão do empresariado, sinaliza que projetos como o de Linhares também podem voltar. O governador Renato Casagrande e o vice Ricardo Ferraço já conversaram com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, sobre o assunto.
Por fim, o plano reforça o objetivo da estatal de ampliar a oferta de gás natural. O Espírito Santo, cortado por uma malha nacional de gasodutos e abrigando duas unidades de tratamento de gás da Petrobras (Linhares e Anchieta) com ociosidade acima de 80%, pode se beneficiar muito dessa ampliação. O Projeto Rota 3, no Rio, com previsão de escoar 18 milhões de m³ por dia, está previsto para começar a operar no ano que vem. Além de ser bom para a indústria energética, é relevante para os consumidores de energia como um todo.
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