As audiências públicas sobre a renovação da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica, a maior do Brasil e a única ligação do Espírito Santo com o Brasil Central, começam nos próximos dias. Será a oportunidade de a sociedade conhecer o projeto, debatê-lo e, no limite, sugerir mudanças. Os encontros, que acontecerão nos oito estados cortados pela ferrovia, são organizados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), responsável pela gestão do ativo federal.
O governo capixaba, claro, enviará os seus representantes para o debate. O governador, Renato Casagrande, e o vice, Ricardo Ferraço, que também responde pela secretaria de Estado de Desenvolvimento, já definiram qual será a linha de argumentação. O plano A é a inclusão da variante da Serra do Tigre (em Minas Gerais) no projeto. Hoje, o debate está em cima da ferrovia já existente. O governo capixaba, por sua vez, defende que o contorno da serra (trecho com aproximadamente 400 km) seja incluído no pacote de investimentos a serem feitos pela concessionária que ficará responsável pelo FCA entre 2026 e 2056.
O argumento é dar mais eficiência ao transporte de cargas do Brasil Central para os terminais portuários do Espírito Santo (na Grande Belo Horizonte a FCA se conecta à Ferrovia Vitória-Minas). Na visão dos capixabas, o investimento é fundamental para as pretensões do Estado de tornar-se uma plataforma logística nacional, com capacidade para receber e distribuir as importações e escoar a produção brasileira mundo afora.
A variante, na defesa do governo estadual, vai melhorar o traçado e fazer com que as composições, que hoje trafegam a, na média, 12 km/h, possam chegar a 40 km/h. Ampliando a eficiência da estrutura a expectativa é trazer para os portos do Estado parte das milhões toneladas de grãos e demais produtos do agro brasileiro que são exportados por ano para todo o planeta. Pelas contas da Fundação Dom Cabral, instituição contratada pela Findes para estudar o tema, a economia do empresário do agro com a variante ficaria perto dos R$ 10 por tonelada transportada.
O plano B passa por um investimento direto do governo federal. A União faria o aporte (o investimento todo ou pelo menos um parte) e uma concessionária (a mesma da FCA ou uma outra empresa) administraria o novo trecho. Por ainda não haver um projeto executivo, não se sabe exatamente de quanto, há quem fale em R$ 5,5 bi e há quem fale em mais de R$ 10 bi. A VLI Logística, atual concessionária, já disse que o desafio da variante está na viabilidade econômica.
A audiência pública da ANTT está marcada para o próximo dia 15 de outubro, em Vitória, ainda sem local definido.
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