Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Espírito Santo, atrás apenas da China. Em 2024, a corrente de comércio (importações e exportações) chega, até setembro, a US$ 4,2 bilhões (R$ 24,1 bilhões). Se considerarmos apenas os produtos vendidos para outros países, os Estados Unidos são os nossos maiores clientes: US$ 2,55 bilhões (R$ 14,53 bilhões). Portanto, caso o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, faça mesmo andar a sua agenda de protecionismo, elevando tarifas de produtos importados, alguns setores da economia capixaba vão penar.
Mas, antes de cair com o barulho do tiro, vale detalharmos algumas informações. Parte importante do que vendemos para lá não tem substituição 'made in USA', casos de café (verde e solúvel) e rochas ornamentais. Só de café, a partir do Espírito Santo, foram exportados, em 2024, US$ 164,5 milhões (R$ 937,6 milhões). De pedras, todos os tipos, foram US$ 526,69 milhões (R$ 3 bilhões). A indústria brasileira de rochas aposta alto no produto natural e exótico, o que, claro, dificulta a substituição. Claro que a possibilidade de um tarifaço assusta, mas, não havendo uma concorrência natural por lá, a pressão fica menor. Algo semelhante acontece com o minério de ferro (foram US$ 305 milhões vendidos para lá em 2024), os norte-americanos não são grandes produtores da matéria-prima para a produção de aço.
A coisa começa a mudar de figura quando o assunto é celulose e, principalmente, aço e petróleo. Os Estados Unidos são os maiores produtores de celulose do mundo, mas também são grandes consumidores, portanto, dependem muito da celulose produzida no Brasil, o maior exportador do planeta. Foram enviados, em 2024, US$ 451,2 milhões (R$ 2,5 bi) em celulose para os EUA, trata-se do segundo produto mais relevante da pauta capixaba.
Aço e petróleo, setores com lobby poderoso nos EUA, são os que mais preocupam. O aço, que foi tarifado em 2018, e seus derivados são os produtos mais exportados pelo Estado: US$ 970,5 milhões (R$ 5,53 bilhões) em 2024. As siderúrgicas norte-americanas têm capacidade ociosa, portanto, são um prato cheio para a política protecionista defendida por Trump. Aliás, esta é a principal diferença em relação ao óleo e gás natural, setor da indústria norte-americana que cresceu muito nos últimos 20 anos e, hoje, é líder mundial, com grandes clientes no mundo todo, portanto, não tão dependente da proteção do Estado. Este ano, saíram, do Espírito Santo para os Estados Unidos, US$ 21,3 milhões (R$ 121,4 milhões) em petróleo.
São muitos milhões de dólares, de setores bastante relevantes para a economia do Espírito Santo, envolvidos. É uma discussão que teremos de acompanhar com lupa a partir de agora.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.