Como previsto, a sabatina organizada pelo setor produtivo - ES em Ação, Federação da Agricultura e Pecuária, Fecomércio, Findes e Fetransportes - para ouvir os candidatos ao Palácio Anchieta, Renato Casagrande e Carlos Manato, teve como pano de fundo a manutenção da responsabilidade fiscal e dos avanços institucionais obtidos nas últimas duas décadas pelo Espírito Santo.
Primeiro a falar (os candidatos não se encontraram, as falas foram em momentos distintos), o oposicionista Manato tentou o tempo todo passar a imagem de um candidato mais leve, ponderado e de diálogo. "Não sei do que vocês estão com medo, não há motivos para isso. Vocês serão ouvidos o tempo todo, o diálogo estará permanentemente aberto". Ele aproveitou para apresentar, com o objetivo de passar credibilidade ao mercado, alguns nomes que, segundo ele, já estão certos em seu secretariado em caso de vitória no próximo dia 30: Aridelmo Teixeira (sócio da Fucape, ex-presidente do ES em Ação e candidato derrotado ao governo pelo Novo) para a Fazenda e João Luiz Lani (professor da Universidade Federal de Viçosa) para o Meio Ambiente. O economista Arilton Teixeira, irmão de Aridelmo, também foi citado por Manato.
Embora tenha escorregado em temas bastante caros para a plateia - disse que iria "prender quem falasse em privatização do Banestes" e que irá utilizar o banco para financiar políticas de cultura e esporte pelo Estado - Manato conseguiu andar algumas casas em relação ao que foi apresentado aos mesmos empresários na sabatina realizada no primeiro turno. A ponderação e os nomes apresentados contaram bastante.
Sabendo que não poderia perder a partida disputada na arena montada pelo primeiro andar do empresariado capixaba, Casagrande veio decidido a construir uma barreira de contenção. Para isso, chamou a campo seu candidato a vice-governador Ricardo Ferraço, que andava meio sumido na campanha (em reserva os empresários falaram muito sobre isso) e que goza de grande prestígio junto ao PIB capixaba. Ricardo subiu ao palco e falou por quase dez minutos. Assim como Casagrande, sempre que pôde ele lembrou dos tempos sombrios vividos pelo Estado na década de 90 e início dos anos 2000.
"Cada escolha tem uma consequência. Eu sei onde o Casagrande estava quando recuperamos este Estado, não posso dizer o mesmo do nosso adversário. Não estamos aqui debatendo eleição presidencial, estamos falando do Espírito Santo. As pessoas precisam ter isso em mente na hora de votar". Ferraço aproveitou a plateia para dizer que, caso seja eleito como vice, assumirá pessoalmente a coordenação de três áreas: Agricultura, Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente. Foi muito aplaudido.
Em sua fala (Casagrande foi elogiado pela firmeza), o candidato à reeleição, sabendo que precisará de votos bolsonaristas, procurou deixar claro que manterá o diálogo aberto com Brasília seja quem for eleito para presidente. "Não é papel do governador fazer oposição ao presidente da República".
Empresários e executivos saíram satisfeitos da sabatina promovida pelo Fórum de Entidades e Federações. Na avaliação deles, os dois candidatos evoluíram em relação ao encontro de setembro, mas, no final das contas, a balança (com a fundamental ajuda de Ricardo Ferraço) segue pendendo para o lado de Casagrande.
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