A Petrobras quer montar, no Espírito Santo, um dos maiores hubs de captação de dióxido de carbono do mundo. O CO2 é dos grandes responsáveis pelo aquecimento global. A ideia é utilizar uma tecnologia nova, conhecida como CCUS, sigla para Carbon Capture, Utilization and Storage (captura, uso e armazenamento de carbono), e, tudo dando certo, armazenar, todos os anos, 12 milhões de toneladas de gases em reservatórios que, originalmente, abrigavam petróleo e gás natural. Na prática, é o seguinte: a Petrobras vai extrair óleo e gás, sua atividade primária, e colocará no lugar gases que provocam o aquecimento do planeta. Claro, antes disso, estudos geológicos terão de comprovar que o local é apropriado para receber o novo ocupante.
Um protocolo de intenções foi assinado, na tarde desta terça-feira (06), por governo do Estado, Federação das Indústrias e Petrobras. Estudos de viabilidade técnica e econômica serão iniciados, mas, pelo acordo, a estatal vai montar uma plataforma de captação de CO2 nas grandes indústrias emissoras - a ArcelorMittal já tem um memorando de entendimento assinado com a Petrobras, que, agora, conversa com empresas como Vale e Samarco -, jogará em dutos e levará tudo para a atual Unidade de Tratamento de Gás de Anchieta (UTG Sul), que está praticamente parada. Lá será feito um processamento dos gases e o produto final será levado, também por dutos, para um reservatório já identificado no Parque das Baleias, no litoral Sul capixaba.
"Ainda não temos prazo de implantação e nem os valores que serão investidos, mas estamos falando de um novo segmento industrial. Os estudos e as negociações em andamento devem levar dois anos, os aportes são de bilhões de reais. Estamos falando de algo novo, grandioso e que envolve muita tecnologia. A captura de carbono é um dos pilares da Petrobras na transição energética", explicou William Nozaki, gerente executivo de Transição Energética da Petrobras, que veio a Vitória para a assinatura do protocolo.
"Estamos falando de um dos maiores projetos de CCUS do mundo, que hoje está captando 50 milhões de toneladas por ano. Aqui serão 12 milhões de toneladas de CO2 por ano. O Espírito Santo possui um pacote muito interessante: tem demanda (o parque industrial capixaba necessita de muita carga energética), tem infraestrutura e tem reservatório. O Estado pode dar conta da sua demanda e da de estados que não possuem reservatórios disponíveis, caso de Minas Gerais. É caro e desafiador, mas estamos comprometidos, a sinergia que temos no Espírito Santo é inequívoca", disse Nozaki.
"Os desafios do Espírito Santo na transição energética são enormes. As nossas emissões, na média, são diferentes das do Brasil, vêm da indústria e da geração de energia, mais difícil de mitigar. Quase um terço da nossa compensação virá de CCUS. Os estudos vão começar, devem levar um tempo, mas precisamos iniciar. É uma boa solução, mas precisamos de escala", assinalou Felipe Rigoni, secretário de Estado de Meio Ambiente.
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