A Petrobras anunciou, no final de novembro, o seu plano de investimentos até 2028, um pacotão de US$ 102 bilhões, quase meio trilhão de reais. Para o Espírito Santo serão aportados, na exploração e produção de óleo e gás, R$ 25 bilhões. Em sua primeira entrevista após a divulgação do planejamento estratégico da companhia, Eduarda Lacerda, gerente-geral da Petrobras no Estado, destaca o que será injetado no negócio tradicional da Petrobras (óleo e gás) e o bom horizonte que se apresenta para o Espírito Santo com a transição energética.
"Temos uma nova plataforma chegando em 2025, estamos estudando a possibilidade de uma nova plataforma até o final de década e haverá uma série de outros investimentos na ampliação da produtividade da produção de petróleo e gás. Olhando para a transição energética, a companhia confirmou a realização de estudos para a instalação de três parques eólicos (dois no Estado e um na divisa com o Rio). As perspectivas são boas e a tendência de ampliação dos investimentos".
Quais são as boas novidades que o plano de negócios de 2024-2028 da Petrobras trouxe para o Espírito Santo?
Temos a Maria Quitéria, que é a nossa nova plataforma que vai entrar em produção em 2025, mas vai além. São, por exemplo, vários poços novos que serão interligados a plataformas já em operação, o que significa uma elevação importante de produção a custos bastante razoáveis. Olhando para a transição energética, é importante destacar os projetos de parques eólicos, onde o Espírito Santo tem muito destaque. No plano de negócios passado (2023-2027), tínhamos os projetos Aracatu I e II, na divisa com o Rio de Janeiro, e, agora, entrou o Espírito Santo I, no Sul do Estado. Ainda estão sendo estudados, mas passam a ser três parques eólicos no horizonte do Estado, não é pouco.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, fala em um pico de produção de óleo e gás da Petrobras em 2030, depois disso começaria a declinar. O pico do Espírito Santo já ficou para trás?
A Maria Quitéria começa a operar em 2025, serão 100 mil barris por dia de capacidade, e temos estudos para uma nova plataforma operando no mar capixaba nos próximos anos. Diante disso, vejo, para o Espírito Santo, um perfil parecido com o do Brasil, com um aumento de produção até o fim da década e um pico ali em 2030 ou 2031.
Então a senhora acredita que o Estado pode superar os patamares de produção de meados da década passada, 2015 e 2016, que são os mais altos alcançados da história?
Estudos para isso nós temos, mas é claro que ainda precisam passar pelos portões de aprovação da empresa.
Como a senhora enxerga o mercado de gás? Temos alta demanda dos usuários, mas grandes ativos, as unidades de tratamento de Anchieta e Linhares, estão subutilizados aqui no Estado...
Em relação às estruturas já prontas, temos feito acordos e contratos de utilização com outras operadoras que têm papel muito importante nesse contexto do gás. No nosso plano de negócios temos previsto novos poços exploratórios para serem perfurados no Espírito Santo. O objetivo é ter novas descobertas na região.
A Petrobras, nesse novo plano, dobrou os aportes em energia renovável. Como a senhora enxerga o Espírito Santo nesse novo cenário?
Olhando apenas para a Petrobras há um grande potencial de geração eólica para o Sul do Estado, são três projetos em desenvolvimento na região. Sob a perspectiva do hidrogênio, as estruturas que hoje são para gás natural poderão ser usadas na operação do hidrogênio. Tem ainda algo muito interessante que é a captura, utilização e armazenamento de carbono. Enxergamos um potencial importante aqui no Espírito Santo no sentido da existência de reservatórios para fazer isso. Seria montada uma estrutura para capturar gases de efeito estufa emitidos por diversas fontes e fazer o armazenamento permanente em formações geológicas no subsolo. A Petrobras é especialista em geologia e temos essa condição aqui no Estado. Claro, para isso se consolidar precisaremos de muito investimento em pesquisa, tecnologia e estruturas de CCUS (sigla para carbon capture, utilisation and storage, em português podemos traduzir para a captura, utilização e armazenamento de carbono), mas há um bom caminho. O contexto do Espírito Santo na transição energética é muito interessante, o potencial é enorme em várias frentes.
O que o Espírito Santo precisa fazer para estar bem posicionado, do ponto de vista legal e institucional, neste cenário de transição energética? Lembrando que muitas das regulamentações são federais, mas é sempre possível estar um passo à frente.
O primeiro passo é conhecer o mercado e as propostas em debate. Mas tem uma questão que é fundamental aqui no Espírito Santo, que é o fato de ser um Estado organizado, que entende a importância do setor produtivo na geração de empregos. Vemos que existe um ambiente de parceria, isso ajuda demais. Tem de estar por dentro das discussões e manter essa organização, isto é fundamental.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.