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Petroleira com grande operação no ES entra em crise e pode até mudar de nome

A norueguesa Seacrest Petróleo comprou boa parte das estruturas da Petrobras no Norte do Espírito Santo. Trata-se da mais relevante operação em terra do Estado

Publicado em 21/11/2024 às 03h55
Polo Cricaré, da Seacrest Petróleo, no Norte do ES
Polo Cricaré, da Seacrest Petróleo, no Norte do ES. Crédito: Seacrest/Divulgação

A norueguesa Seacrest Petróleo, que comprou boa parte das operações da Petrobras no Norte do Espírito Santo por cerca de US$ 700 milhões (parte já quitada e outra ainda não), passa por uma crise operacional e financeira. O tamanho do problema pode ser representado pelo gráfico das ações da empresa na Bolsa de Oslo, onde é negociada: valia 0,79 euro em 2 de janeiro e fechou o pregão do dia 19 de novembro em 0,017 euro. Os investidores estão preocupados com o endividamento da empresa e com uma produção que anda tropeçando.

Embora seja uma companhia estrangeira, toda a operação da Seacrest fica no Espírito Santo. Aliás, os fornecedores locais estão sofrendo com a crise na petroleira. Há relatos de atrasos de pagamento. Pessoas da indústria capixaba do petróleo, que preferem não aparecer, avaliam que, muito embora os ativos comprados pela Seacrest sejam bons, com capacidade para produzir cerca de 30 mil barris por dia (hoje está na casa dos 10 mil), a empresa foi com muita sede ao pote.

Gráfico das ações da Seacrest na Bolsa de Oslo, Noruega
Gráfico das ações da Seacrest na Bolsa de Oslo, Noruega. Crédito: Arte/A Gazeta

"A Petrobras já recebeu boa parte do pagamento e a produção ainda não veio, mesmo tendo robustecido muito a operação. Ou seja, muito dinheiro já saiu e o que era esperado para entrar acabou não vindo. Estamos falando de uma operação que é cara, o principal da crise está nesta gestão", explicou um executivo do setor.

"Embora sejam bons ativos, enfrentam sérias dificuldades, o que vem, inclusive, provocando disputas entre os acionistas (onde estão estrelas do mercado financeiro mundial, como BNY Mellon, UBS, BNP Paribas, Société Générale e outros). Estão buscando uma reestruturação operacional e financeira. O que mais lamento nisso tudo é que atrasa o desenvolvimento de um importante vetor da cadeia no Espírito Santo, é o principal operador onshore (em terra) do Estado", disse um dirigente da área.

Nas últimas semanas, Juan Alves, vice-presidente de Operações e importante figura da Seacrest no Espírito Santo, deixou o cargo. José Cotello, CEO da empresa e com larga experiência no setor, está mais próximo da operação enquanto não chega um novo nome. Dentro do pacote de reestruturação estuda-se até a mudança de nome da empresa (Vitória Energia é uma possibilidade).

Grandes companhias do setor, que gostam bastante dos ativos da Seacrest, estão acompanhando de perto os desdobramentos da situação.

Procurada pela coluna, a assessoria da Seacrest mandou a seguinte nota: "a Seacrest está em período de silêncio, mas reafirma que trabalha sempre respeitando os mais altos padrões de governança e em conformidade com as regulamentações".

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