Bastidores e informações exclusivas e relevantes sobre os negócios e a economia do Espírito Santo

Por um 2023 em que saibamos aproveitar as ótimas oportunidades!

Economia verde, transição energética e o agronegócio vão abrir grandes oportunidades para o Brasil e também para o Espírito Santo. Dar confiança aos investidores é fundamental

Publicado em 20/12/2022 às 16h00
Toda a produção pioneira do trigo capixaba foi vendida rapidamente
Produção de trigo, no Norte do Espírito Santo. Crédito: Divulgação/Arthur Sanders

O ano de 2023 foi confuso (eleições, fake news, polarização política, ideologia barata, guerra de narrativas, guerra real), mas também foi um ano para mostrar que o Brasil e o Espírito Santo são lugares promissores sob vários aspectos, inclusive econômicos. Cabe a nós "apenas" não tropeçarmos nas nossas próprias pernas.

São várias as boas alternativas, mas, para não me alongar demais, ficarei apenas nas que eu mais ouvi de empresários, executivos, analistas e chefes de governo ao longo de 2022: economia de baixo carbono, transição energética e agronegócio. O planeta precisa, emergencialmente, sustentar-se neste tripé. Em todos eles o Brasil e o Espírito Santo estão muito bem posicionados, são protagonistas.

Oportunidades

Thomas Lucena, executivo da Shell, em 27 de agosto de 2022:

"O Brasil pode atender o mercado europeu, que está demandando energia, principalmente pela conjuntura geopolítica do momento. Eles estão procurando alternativas que dêem independência energética e com sustentabilidade. O Brasil tem todo o potencial para ser um grande exportador de hidrogênio".

Marcos Troyjo, presidente do Banco dos Brics, em 16 de julho de 2022:

"Estou olhando as coisas a partir de uma perspectiva brasileira. Há uma mudança estrutural no mundo, em que a principal fonte de crescimento serão as economias emergentes com grande contingente populacional e com renda média baixa. Quando o crescimento se dá a partir de um nível tão baixo, esse espaço entre o momento atual e o momento futuro é um espaço em que a renda adicional é direcionada para o consumo de alimentos e ao investimento em infraestrutura. David Ricardo, um economista do século XIX, dizia que os países tinham vantagens comparativas. Quais são as do Brasil? O agronegócio e a produção de insumos para a indústria siderúrgica. Portanto, esse tipo de cenário internacional que se descortina é muito favorável para o Brasil".

Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Banco Santander, em 19 de novembro de 2022:

"Em que pese um momento internacional mais turbulento, os ventos, muito por conta das necessidades mundiais por mais comida e energia limpa, são favoráveis para o Brasil. Precisamos de passar confiança para o investidor e a variável que pesa neste momento é a fiscal".

Renato Casagrande, governador do Espírito Santo, em 18 de novembro de 2022:

"Eles (europeus) precisam de fazer a transição energética, têm metas para cumprir. O Brasil, e os estudos apontam para isso, é um dos melhores lugares do mundo para isso. O Espírito Santo é um dos melhores lugares do Brasil. O que precisamos é dar as condições necessárias para que os investimentos venham para cá".

Winston Fritsch, economista e um dos pais do Plano Real, em 02 de outubro de 2022:

"O curto prazo está ruim, mas, olhando para frente, a Europa vai voltar a crescer e está investindo forte na transição energética. Podemos nos beneficiar muito. É uma oportunidade melhor que a do petróleo, que certamente nos proporcionará um novo ciclo de crescimento. O Brasil tem vantagens comparativas gigantes nesta área".

Dever de casa

Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, em 22 de setembro de 2022:

"Temos que fazer as reformas. O Brasil cresce pouco, hoje, por algumas razões básicas. A primeira é a baixa produtividade. Nos anos 50, a produtividade no Brasil crescia 4,2% ao ano, hoje está estagnada. É a produtividade que gera renda e riqueza. Outra coisa são os investimentos de má qualidade. Um país vai para frente quando os recursos são aplicados nos segmentos mais produtivos, nós estamos aplicando recursos em segmentos pouco produtivos. Temos um sistema tributário caótico; um excesso de possibilidades para enquadramento de empresas no Simples, um estímulo para as empresas não crescerem... O investimento em infraestrutura está praticamente parado, voltou um pouco agora por conta do setor privado nas concessões de rodovias e ferrovias. É um conjunto muito grande que explica a mediocridade do nosso crescimento e isso não muda da noite para o dia. Precisamos de uma série de reformas para o Brasil voltar a crescer de forma satisfatória".

Mansueto Almeida, economista-chefe do Banco BTG Pactual, em 19 de novembro de 2022:

"O Brasil está bem posicionado, fez reformas importantes nos últimos seis anos. Se o governo eleito der os sinais corretos, temos tudo para ter um quadriênio muito positivo. Mas o governo precisa fazer o dever de casa. E o que é o dever de casa? Compromisso com reformas administrativa e tributária, compromisso fiscal e compromisso com a agenda de meio ambiente. O governo já deixou muito claro seu compromisso com a parte ambiental, agora tem que mostrar a nova estratégia de equilíbrio fiscal e o compromisso com as reformas. Se o governo der as sinalizações corretas, o Brasil sai muito bem posicionado".

Marcos Troyjo, presidente do Banco dos Brics, em 16 de julho de 2022:

"Num cenário em que países com grande população vão crescer muito, o Brasil está "fadado" a acumular sucessivos superávits comerciais ao longo do tempo. Isso ajudará o Brasil a ter os recursos necessários para fazer os investimentos em capacitação e requalificação da sua força de trabalho na sua neo-industrialização. Claro, se bem utilizados os recursos, afinal, o Brasil pode desperdiçar essa oportunidade assim como já desperdiçou em outras ocasiões".

Winston Fritsch, economista e um dos pais do Plano Real, em 02 de outubro de 2022:

"O gasto público é muito ineficiente, nós podemos prover a mesma quantidade de serviços com muito menos recursos. O governo, lá atrás (anos 90), fez um rearranjo fiscal aumentando carga tributária, praticamente não fez nada na estrutura da burocracia, do Estado. Tudo isso é muito ineficiente. A política de subsídios setoriais, por exemplo, precisa ser revista. A estrutura do sistema tributário precisa ser revisitada para que tenhamos a mesma arrecadação com um conjunto de impostos completamente diferente, que penalize menos o investidor".

As oportunidades são muitas, temos a obrigação de não deixá-las passar por entre os dedos! Saio de férias e volto na segunda quinzena de janeiro. Um feliz Natal e um grande 2023 para todos nós! É totalmente possível!

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.