Fábio Marchiori, presidente da VLI Logística, empresa responsável pela Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) - a única conexão ferroviária dos portos do Espírito Santo com o Brasil Central -, está no meio de intensas negociações para renovar aquela que é a maior concessão de ferrovia do país. A proposta já está na mesa e o objetivo da VLI é bater o martelo o quanto antes (o contrato termina em 2026). Trata-se de um ativo federal e o processo está sendo tocado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
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A companhia (que tem Brookfield, Vale, Mitsui, FI FGTS e BNDES Par como acionistas) se propõe a investir, até 2056 (final do novo contrato de concessão), R$ 9,7 bilhões no Corredor Leste, que movimenta cargas entre Espírito Santo e Brasil Central (no ES a VLI utiliza a Ferrovia Vitória-Minas). Serão R$ 5,2 bilhões na modernização da ferrovia (a variante da Serra do Tigre, em Minas Gerais, não está no pacote) e mais R$ 4,5 bi em locomotivas e demais materiais rodantes. Tomando como base 2023, a VLI afirma que a ampliação do movimento no Espírito Santo, até o final do contrato, ficaria em 63%: de 14 milhões de toneladas por ano para 22,8 milhões de toneladas por ano. A maior parte dos aportes será feita, caso a VLI vença, nos primeiros dez anos do novo contrato.
A pergunta que fica é a seguinte: os investimentos propostos pela VLI serão suficientes para dar suporte a todo o potencial de logística portuária do Espírito Santo? O agronegócio seguirá crescendo muito, haverá ferrovia para escoar a produção brasileira pelos terminais capixabas? Com a palavra, Fábio Marchiori: "temos convicção de que o Corredor Leste, que traz cargas para o Espírito Santo, funciona, por isso queremos a renovação e investiremos quase R$ 10 bilhões no trecho. A Serra do Tigre tem um relevo complicado, mas não enxergo essa limitação toda, tem ociosidade e acho que é possível ocuparmos, apesar de a velocidade ser menor. O Porto de Santos tem gargalos e o Espírito Santo tem relevantes investimentos portuários em curso, vejo um fluxo maior de exportações vindo para o Estado. Posso garantir que não vai faltar ferrovia para cargas. O que precisar ser feito será feito", garantiu o executivo.
O presidente da VLI confirmou que não está no radar fazer o contorno da Serra do Tigre, mas que apoia o debate e a entrada de novos atores. "Temos um desafio de viabilidade econômica. O trecho tem cerca de 400 quilômetros, custaria algo perto de R$ 10 bilhões, ou seja, mais do que a previsão geral de investimentos que estamos propondo para o Corredor Leste. Não está no radar da VLI, mas o Marco das Ferrovias permite que uma outra empresa apresente projeto. Caso alguém consiga viabilizar, contará com todo o nosso apoio, sem dúvida".
A VLI também leva cargas do Brasil Central para Santos, pelo Corredor Sudeste. A empresa não informou as perspectivas de expansão do volume de cargas pelo Sudeste e pelo Leste no decorrer da nova concessão. A projeção de 63% refere-se apenas ao Espírito Santo.
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