A Prio, maior petroleira independente do Brasil, vai colocar de pé a produção do campo de Wahoo, no extremo sul do litoral do Espírito Santo, apesar do atraso na liberação das licenças ambientais e do aporte bilionário que a companhia deve fazer no campo de Peregrino, na Bacia de Campos. A companhia já investiu mais de R$ 1 bilhão no desenvolvimento do projeto (que é inovador, afinal, utilizará um navio-plataforma que está a 30 quilômetros de distância, já no Norte do Rio) e não vai abrir mão dele, apesar dos pesares. Wahoo fica no pré-sal e terá capacidade para produzir 40 mil barris por dia de óleo, trata-se de uma das grandes novidades da indústria capixaba de óleo e gás dos últimos anos.
"O projeto de Wahoo vai sair do papel, não há hipótese de voltarmos atrás. Assim que as licenças saírem, espero que o quanto antes, vamos partir para o trabalho de operação. Já está tudo encomendado e preparado, precisamos apenas do sinal verde do Ibama", disse Francilmar Fernandes, diretor de Operações da Prio.
Este projeto está garantido, ótimo, mas o enorme atraso para a liberação das licenças não passará incólume. A Prio, que, hoje, opera totalmente no Brasil, já observa oportunidades no exterior, mais precisamente no Golfo do México, Estados Unidos. "Somos uma empresa de capital aberto, que precisa cumprir as metas estabelecidas, inclusive de produção. Estamos sempre de olho em oportunidades, ainda mais diante deste processo muito demorado em Wahoo. Peregrino foi uma oportunidade. Wahoo está garantido, não vai ficar para depois, mas como ficará daqui para frente? Já estamos buscando oportunidades fora do Brasil, principalmente no Golfo do México, Estados Unidos. Não faz o menor sentido esperar dois anos por um licenciamento, isso estrangula qualquer processo".
A Prio anunciou, na última sexta-feira (27), a formalização de uma proposta de US$ 1,9 bi (mais de R$ 10 bi) aos chineses da Sinochem para comprar 40% do campo de Peregrino, na Bacia de Campos. Os outros 60% pertencem à Equinor. A investida ligou o alerta de empresários, dirigentes e políticos do Espírito Santo, afinal, poderia significar uma freada no projeto de Wahoo. A Prio garante que isso não acontecerá, mas é o famoso 'copo meio cheio ou meio vazio'. O lado cheio, positivo, é que o projeto sairá do papel. Este risco imediato o Estado não corre. Por outro lado, na parte 'meio vazia', a petroleira deixa clara a sua insatisfação e passará a buscar opções fora do país. Portanto, fatalmente o Brasil e, claro, o Espírito Santo perderão investimentos que ainda nem estão no radar. E não estamos falando de pouco dinheiro, o projeto de Wahoo supera os R$ 4 bilhões. Péssima notícia para um país que sofre, há muitos anos, com baixos níveis de investimento.
E olha que estamos falando apenas da Prio... Sabemos que ela não está sozinha neste barco.
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