Mariana Caetano, CEO da Santos Lab, empresa especializada em oferecer soluções tecnológicas e ambientalmente corretas ao agronegócio, esteve esta semana em Vitória para uma concorrida palestra no Vitória Coffee Summit, evento organizado pelo Centro do Comércio de Café de Vitória. Para uma plateia de empresários e executivos do setor, ela deu o aviso: "o produtor está vendo no seu dia a dia o impacto de não tomar conta do meio ambiente. Se tem um desmatamento a mais ou uma área de proteção que não está bem protegida, logo começa a reduzir o volume de água, o que afeta a produção dele. Proteger o ambiente é uma questão de sobrevivência".
Sobre a agricultura 4.0, que é a agricultura dos dados, a executiva afirmou que os pequenos precisam buscar parcerias e serem parceiros. "Buscar as cooperativas, que são muito fortes, instituições financeiras, centros de pesquisa, universidades... Os menores devem ir atrás de parcerias para encontrar a escala necessária para tocar os projetos".
O que é a agricultura 4.0?
É uma agricultura baseada em dados e na integração desses dados. Passamos muito tempo com as fazendas gerando muita informação, mas elas acabavam se dispersando sem serem utilizadas de maneira adequada. Agora conseguimos integrar todas essas informações para a tomada de decisão. Não é só uma questão de entregar planilhado, mas de chegar para o produtor rapidamente. Quem tem tempo de ficar sentado, lendo e comparando planilhas? Estou falando de algo que te diz: aqui você aplica desta maneira, aqui está faltando determinada coisa... Tem que ser rápido, consolidado, tem que facilitar a tomada de decisões.
O Brasil foi um dos países que mais se beneficiou da agricultura 3.0 (que começou a introduzir automação e sustentabilidade). Estamos preparados para a 4.0?
Muito preparados. Estamos falando de integração de dados, de rastreabilidade, de como o produtor produziu, de onde vieram os insumos... Isso traz a segurança alimentar, que é o que muitos países têm dificuldade para fornecer com qualidade e sustentabilidade. Somos, hoje, o país que está mais preparado para a transformação. Temos um produtor que é jovem (a média é de 37 anos) e com vontade de usar tecnologia. O produtor brasileiro já usa muito a tecnologia.
Transformação digital dá dinheiro?
É a pergunta que todos fazem. Temos de fazer as coisas com planejamento. A grande questão que deve estar na cabeça de todos é que, se não produzir com sustentabilidade, vai passar a não ter acesso a crédito bancário, não vai conseguir vender para certas empresas, ou seja, se não se adaptar, vai estar fora do mercado. É algo diferente, sem muita escolha. Então, é importante já ir se programando para fazer o ajuste, afinal, o risco é de, muito em breve, estar fora.
O Espírito Santo é um Estado com a característica de ter pequenas propriedades. Como é que o pequeno se adapta a esse novo mundo?
Partir para a colaboração. Buscar as cooperativas, que são muito fortes, instituições financeiras, centros de pesquisa, universidades... Os menores devem ir atrás de parcerias para encontrar a escala necessária para tocar os projetos.
Por muito tempo tivemos uma dicotomia: agro de um lado e meio ambiente de outro. Hoje, a situação parece estar mudando. Qual é sua visão sobre isso? Está mudando mesmo?
O produtor está vendo no seu dia a dia o impacto de não tomar conta do meio ambiente. Se tem um desmatamento a mais ou uma área de proteção que não está bem protegida, logo começa a reduzir o volume de água, o que afeta a produção dele. Portanto, não é apenas uma questão de só porque a Europa quer, precisamos fazer porque as fazendas precisam disso para continuarem produzindo ano após ano. O clima está mais incerto, então, é muito relevante tomar conta de sua biodiversidade, manejo de mato e proteção do solo. Proteger o ambiente é uma questão de sobrevivência.
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