
Sob o argumento de que precisa defender a economia dos Estados Unidos, na última quarta-feira (02), o presidente Donald Trump anunciou a imposição de tarifas em cima de produtos de 185 países importados pelos norte-americanos. As alíquotas variam entre 10% e 50%. Uma diferença tão grande, ainda mais em se tratando da maior economia do planeta, mexe com toda a cadeia global de comércio (o pandemônio vivido pelo mercado financeiro mundial, nesta quinta, é prova disso). Produtos e países que competiam em igualdade de competição podem se ver em situação completamente diferente a partir deste sábado (05), quando, de acordo com a Casa Branca, as novas taxas passam a valer.
Em um cenário disruptivo, sempre surgem oportunidades. É o caso, por exemplo, do café, destacadamente o conilon. O Vietnã, maior produtor mundial da espécie, está entre os países mais penalizados com o tarifaço de Trump, com uma alíquota básica de 46% (o governo dos EUA argumenta que a tarifa dos vietnamitas em cima dos produtos norte-americanos é de 90%). Enquanto isso, os produtos brasileiros serão tarifados em 10%. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de conilon e cerca de 70% sai das lavouras do Espírito Santo.
Empresários e executivos do setor destacam que o cenário ainda é nebuloso, mas afirmam que a sensação inicial é de uma situação favorável para o café brasileiro. "Está todo mundo fazendo conta e procurando entender o que vai acontecer, ainda está longe de estar claro, mas a fotografia de momento é de um cenário que nos beneficia. Ainda tem muita água para passar por baixo da ponte, a indústria americana de café solúvel está pressionando muito o governo, mostrando que pode haver alta forte dos preços, afinal, os Estados Unidos, apesar de serem os maiores consumidores, não produzem café. Também temos que ver quais serão as exceções que o Trump já disse que serão estabelecidas e ainda podem acontecer negociações bilaterais. Vamos aguardar, mas o cenário atual é favorável", analisou um executivo que preferiu falar em reserva.
As exportações de café pelos portos do Espírito Santo, em todo o ano de 2024, chegaram a 8.360.636 sacas de 60 quilos (84% de conilon). Um recorde histórico. A receita total das exportações ficou em US$ 1,809 bilhão, um crescimento de 119% em relação ao ano de 2023. Os Estados Unidos compraram 10% de tudo o que saiu pelos portos capixabas. O Brasil é o maior fornecedor de café verde para os norte-americanos. Os dados são do Centro do Comércio de Café de Vitória.
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