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Turismo: o Espírito Santo tem onde se inspirar

Muito bem localizado, beleza natural diversa e infraestrutura de transportes avançando (vide o aeroporto), o potencial turístico do Estado é enorme. Há muito trabalho pela frente

Publicado em 01/04/2025 às 03h50
Fenômeno na Pedra Azul, na manhã desta terça-feira (25)
A região de Pedra Azul é uma das com maior potencial turístico do Espírito Santo. Crédito: Gilcelia Sousa

Se tem uma atividade econômica que não acompanhou os muitos avanços do Espírito Santo nas últimas duas décadas, essa atividade é o turismo. Não que nada tenha acontecido, mas é evidente que o desenvolvimento está abaixo da média dos demais setores e, principalmente, do potencial. Bem localizado geograficamente (estamos a menos de 1,5 mil km, uma hora e meia de voo, de mais de 70% do PIB brasileiro), com uma beleza natural diversa (praia e montanha lado a lado) e com empreendedores capitalizados e dispostos a investir, é importante entender onde estamos tropeçando.

Dois movimentos importantes estão acontecendo e podem mudar o ponteiro do turismo, de lazer e negócios, no Espírito Santo. A construção de um centro de convenções de ponta no lugar do atual Pavilhão de Carapina, um investimento de mais de R$ 200 milhões (o edital para a contratação da empresa que fará a obra será publicado agora em abril), e a costura para a volta dos cruzeiros marítimos a Vitória. As licenças estão andando (falta a da Superintendência de Patrimônio da União) e a expectativa é de que voltemos a ter escalas na temporada 26/27. Boas iniciativas, mas que ainda estão no papel...

Na última quarta-feira (26), em Cachoeiro de Itapemirim, um evento organizado pela Rede Gazeta, o Belezas do Sul, trouxe reflexões muito interessantes. Embora tenha sido formulado observando o potencial turístico do Sul capixaba, empresários, executivos e políticos de praticamente todas as regiões do Espírito Santo estiveram lá, o que por si só já é uma ótima notícia, afinal, articulação é a chave. Foi justamente o que disseram os dois palestrantes convidados: André Português, ex-prefeito de Miguel Pereira, cidade da Região Serrana do Rio de Janeiro que vive um boom de investimentos em turismo, e Fabrício Oliveira, ex-prefeito de Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, que também vem em franca expansão turística.

"É preciso fazer uma articulação forte envolvendo poder público e setor privado, cada um na sua área de atuação, mas um não pode estar longe do outro. Em Miguel Pereira, a prefeitura assumiu essa liderança e trouxe os recursos do setor privado, com bons hotéis, parques de diversão, restaurantes, enfim, entretenimento voltado para toda a família. Precisamos de bons projetos (principalmente para buscar recursos públicos), de uma boa comunicação com a sociedade, de menos burocracia e de correr atrás, bater às portas mesmo, ninguém vai te dar nada de graça. Quando assumi a prefeitura, lá em 2017, ninguém conhecia a cidade, agora, estamos batendo recordes seguidos de ocupação hoteleira, já somos conhecidos, ficou um pouco mais simples, mas precisamos nos manter organizados, com um bom planejamento de longo prazo", explicou Português.

Fabrício Oliveira, por sua vez, destaca a segurança pública e o senso de pertencimento. "Não vejo como um projeto grande de turismo dar certo no longo prazo sem segurança pública de qualidade e identidade. Ninguém virá se divertir ou fazer um evento na sua cidade se estiver se sentindo inseguro. É um investimento que precisa ser feito e a coisa precisa acontecer. Sobre a identidade, o senso de pertencimento, as iniciativas precisam estar alinhadas com a história da região, com a identidade daquele povo. Se não estiverem, desista, não irá à frente. Um projeto grande de turismo traz impactos, a sociedade precisa sentir que é parte daquilo ali. Uma boa comunicação é fundamental".

Os dois sublinharam a importância de aportes em estruturas de eventos para fazer a roda girar o tempo todo. "Todos os casos de sucesso, inclusive Gramado, passam por atrair eventos. Você não pode depender de uma estação do ano, é preciso estabelecer uma rotina constante de atrativos. Não conheço o projeto, mas o investimento que está sendo feito no novo centro de convenções (no lugar do Pavilhão de Carapina) é fundamental para o Espírito Santo, Estado que tem tudo para atrair muita coisa. É muito bem localizado", disse André Português.

Importante destacar que o grande acontecimento de Gramado, que virou um dos mais conhecidos do Brasil, é o Natal Luz, que vai de outubro a janeiro, ou seja, fora do inverno, que, por causa de todo esse esforço, já não é o período mais movimentado há tempos. Por ano, a cidade da serra gaúcha, que vem trabalhando em cima do turismo de maneira profissional há quase 30 anos, recebe mais de 8 milhões de visitantes. Um detalhe: a pista que liga Porto Alegre a Gramado é do mesmo nível da nossa 262...

Voltando ao Espírito Santo, o retorno dos cruzeiros também é visto como essencial. "Balneário começou a receber cruzeiros no primeiro ano de governo, em 2017. De lá para cá, só cresceu, o impacto na nossa economia foi extraordinário. Nesta última temporada, foram mais de 120 escalas. Fundamental para a imagem da cidade, cria um desejo nas pessoas", assinalou Oliveira. Só no verão 24/25, os turistas que vieram de cruzeiro movimentaram algo próximo a R$ 160 milhões na cidade catarinense.

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