O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, almoçou, nesta segunda-feira (28), no Palácio Anchieta com o governador Renato Casagrande e com o vice Ricardo Ferraço. No cardápio principal, além da moqueca, traçar uma estratégia para tirar do papel um acordo sobre a tragédia de Mariana, provocada pelo rompimento das barragens da Samarco, em novembro de 2015. Batido o martelo, bilhões de reais a título de indenização irrigariam os cofres dos governos de Minas, Espírito Santo e de várias prefeituras capixabas e mineiras pelos próximos anos. Música para os ouvidos de qualquer governante, ainda mais em um Estado com histórico recente de contas muitos desorganizadas, caso de Minas Gerais.
A visita, que até pode ser considerada inesperada, se dá na véspera da ida de todos os governadores a Brasília para discutir reforma tributária com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Casagrande, à tarde, dará uma esticada até a Advocacia-Geral da União para conversar com Jorge Messias, advogado-geral e responsável por tocar o assunto dentro do governo federal. A ideia é costurar uma pacificação dentro do governo federal, onde há divergências entre o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, sobre o tema.
O governador Renato Casagrande, do mesmo partido do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e próximo de vários integrantes do governo Lula, é visto como o interlocutor ideal para tratar do espinhoso assunto. Zema, que pode vir a ser candidato a presidente em 2026 em oposição ao bloco lulista, não tem o mesmo trânsito em Brasília.
O acordo sobre Mariana vem se arrastando há algum tempo. A expectativa no Palácio Anchieta, no começo do ano, era de que algo saísse ainda no primeiro semestre, tempo que era considerado adequado para que os novos ocupantes do Planalto entendessem o que vem sendo debatido ao longo dos últimos anos e chegassem a um consenso, mas acabou não acontecendo. A falta de horizonte tem deixado governadores e prefeitos apreensivos. Diante disso, mais uma ofensiva pró-acordo será feita.
A conta para a reparação da tragédia ficará na casa dos R$ 120 bi - aliás, esse é o ponto de embate entre Marina e Rui Costa, a ministra acha que é mais. Cerca de R$ 60 bi já foram quitados por Vale e BHP Billiton por meio de investimentos e indenizações pagas pela Fundação Renova. O governo do Espírito Santo e municípios afetados devem receber R$ 17 bi (parte livre e parte com destinação já prevista) ao longo de dez ou 15 anos. A ver as cenas dos próximos capítulos.
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