Um decálogo se refere ao conjunto de dez princípios ou normas básicas. O decálogo da dor divide a dor em dez atributos que devem ser observados e coletados quando alguém tem alguma queixa dolorosa. É importante evitar a atenção exagerada que damos à dor, evitar supervalorizar essas sensações que estão sendo interpretadas como situação de perigo. Tirando esta hipervigilância, entende-se que o autoconhecimento pode ser saudável e fundamental para o autocuidado. Avaliar em si cada um dos dez aspectos pode ajudar a gerenciar melhor a queixa. Veja:
Localização: saber onde está a queixa pode ajudar a fazer um diagnóstico diferencial e delimitar a região, classificando em dor mais pontual, difusa ou generalizada, por exemplo.
Irradiação: distinguir se a dor “se espalha”, “sobe” ou “desce” após localizá-la pode dar pistas sobre manifestações de dor irradiada ou referida e demonstra que nem sempre o local da dor será o alvo do tratamento.
Qualidade/ característica: qualificar a dor em fisgada, pontada, peso, choque elétrico, queimação, aperto ou cólica ajuda a entender que tipo de tecido (tendão, nervo, músculo, ligamento) pode estar acometido e somado as outras informações traça-se um tratamento bem específico.
Intensidade: definir se a dor é leve, moderada ou severa auxilia a dar sinais do quão sensibilizado está o sistema. É possível avaliar a representação disso de forma numérica e visual e é possível diferenciar de outros episódios ou do início dos sintomas.
Duração: classificar por duração é importante para saber se a dor é aguda ou crônica, de forma que há um tempo esperado para que o corpo cicatrize e se este for maior com manutenção dos sintomas já não há a função de alerta e proteção, as condutas podem mudar. Caracterização se a dor é contínua ou intermitente e o tempo de duração das crises também faz parte desse atributo do decálogo.
Evolução: muitas vezes a dor começa leve e com o tempo vai evoluindo para a piora. Em outros casos já começa de forma abrupta e rápida. Através do mapeamento da evolução sabemos em que estágio o paciente se encontra e se a dor é progressiva, insidiosa, súbita.
Relação com as funções orgânicas: muitas vezes as dores tem relação com a limitação do funcionamento de algum órgão e isso pode diferenciar uma dor musculoesquelética de uma visceral, por exemplo. A dor referida visceral do coração irradia para o braço esquerdo, muitas vezes temos dor no meio do tórax após vomitar e as costelas doem de forma pontual e migratória quando temos gases. Boa mobilidade e função dos órgãos também é saúde.
Fatores de piora: alguns fatores, como alimentação, posição do corpo por tempo prolongado, excesso de movimentação ou de repouso, crenças sobre a queixa e estados emocionais, podem piorar as dores. É função do fisioterapeuta discriminar quais fatores são ou não nocivos para o quadro. O ideal não é evitar se expor a esses fatores, mas sim expor-se gradualmente, se conhecendo e se percebendo, para dar informações ao seu corpo de que está tudo bem.
Fatores de alívio: às vezes alguma posição do corpo, horário do dia, ambiente, movimentação ou medicação podem aliviar a dor. Conhecer os fatores de alívio ajuda a gerenciar melhor a dor e ter uma listinha com estratégias para se manter bem pode ser um bom hábito.
Fatores associados: muitas pessoas têm queixas associadas à dor como falta de equilíbrio ou de força e essas relações às vezes se dão por medo do movimento e por insegurança. Existem casos ainda que nos levam a pensar em outros aspectos, como memória dolorosa ou dor do luto, por exemplo.
Este vídeo pode te interessar
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.