Podemos dizer que funcionalidade é um termo que demonstra os aspectos positivos da interação entre um indivíduo que tenha uma condição de saúde e os fatores ambientais e pessoais daquele indivíduo. Quando pensamos em funcionalidade em saúde, entendemos que abrange funções desempenhadas pelo corpo, estruturas do corpo, atividades do dia a dia e participação social. Diferente da funcionalidade, a incapacidade abrange os aspectos negativos, demonstrando deficiências, limitações de atividade e restrições de participação.
Quando uma pessoa é diagnosticada com hipertensão arterial - a pressão alta - por exemplo, o que podemos dizer de sua funcionalidade? Há uma condição de saúde, há o ambiente físico, social e de atitude no qual essa pessoa vive e conduz sua vida. Há ali uma pessoa e isso jamais pode ser confundido ou reduzido a um simples exame. As incapacidades surgem diante da perda da função da irrigação sanguínea desse indivíduo que podem ocasionar em dificuldades para executar atividades ou dificuldades a enfrentar ao se envolver em situações da vida.
Esse indivíduo hipertenso se encontra em um ambiente de trabalho agradável, ou melhor, ele tem trabalho? Se encontra em boas relações familiares? Tem boas escolhas alimentares e de saúde mental? Pratica atividade física? Consegue desempenhar as atividades do dia a dia, ir à igreja/templo, confraternizar com amigos? Há ali mais que um coração batendo, há um coração sentindo. O sentimento é de incapacidade? Essa análise serve para qualquer condição de saúde, substitua pela sua.
Entender as funcionalidades num contexto de saúde ajuda a diferenciar que um defeito em uma partezinha do coração pode estar associado com uma função cardíaca normal. Ou ainda, que um coração que funciona muito bem pode estar batendo dentro de um indivíduo com grandes incapacidades para atividades como uma caminhada, por exemplo. Pode ser que não haja lesão, pode ser que não haja diagnóstico, mas há uma pessoa ali e ela é mais que isso.
Existem aspectos que podem atuar como facilitadores ou barreiras e isso não é raro em saúde. Um medicamento para a hipertensão, continuando com o exemplo anterior, pode gerar tonturas e impotência sexual, e isso pode gerar incapacidades relacionadas a limitações ao passar de sentado para de pé ou ainda restrições na participação em relacionamentos afetivos. Fazer uma estimativa do efeito final total de todos esses aspectos serve para medir o quão funcional é esse indivíduo e como ele existe individual e socialmente. Isso mediará as escolhas terapêuticas e as escolhas do indivíduo.
Tendo ou não um diagnóstico estabelecido, é importante mensurar a funcionalidade diante das condições de saúde para se fazer um planejamento e gerenciamento da mesma, reduzindo barreiras de incapacidade, promovendo suportes sociais, aplicando cuidados específicos e adaptando o ambiente. Entender as incapacidades e captar os objetivos possibilita alinhar expectativas em torno de um olhar mais humano em saúde e contexto de fases da vida.
Este vídeo pode te interessar
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.