“Traga-me um copo d'água, tenho sede.
E essa sede pode me matar
Minha garganta pede um pouco de água”. (Tenho sede, Gilberto Gil)
Durante toda a nossa vida nosso corpo nos dá sinais de suas necessidades, de forma que o estômago ronca quando sentimos fome, assim como a garganta pede água quando tem sede, parafraseando Gilberto Gil em sua canção. São mensagens fisiológicas para manutenção da vida.
Em situações de perigo temos mais sangue nas extremidades do corpo, na tentativa de nos preparar para lutar ou fugir. Momentos de estresse nos permitem ter desempenho máximo para enfrentar tarefas, mas ficar nessas situações de perigo ou estresse por muito tempo faz com que nosso corpo tenha respostas inadequadas e nos avise a hora de parar. E pode ser uma mensagem muito clara ou podem vir lembretes sutis.
Um sujeito que sofre de um infarto muitas vezes consegue captar a mensagem mais facilmente que aquele que sente uma leve queimação no estômago. Há uma tendência maior em mudar hábitos de vida após um infarto, enquanto buscamos sedar a queimação no estômago mascarando o sintoma apenas.
Na tentativa de calar o que o corpo fala, corremos o risco de não entender as mensagens e lidar somente com os sintomas, ignorando as causas. Sendo a saúde um estado positivo e não só a ausência de doenças, é importante compreender estes sinais e respeitar os limites do corpo, evitando assim que a doença se instale.
Eventos estressores acontecerão inevitavelmente, todos sentirão de alguma forma e a maneira que cada um enfrenta reflete nas reações de cada organismo.
A capacidade de questionar o que devemos aprender com cada manifestação dos sinais corporais a cada evento que nos acontece, seguida de questionamentos sobre quais medidas devemos tomar para melhorar a causa do problema é um desafio e também a chave para resolução das queixas.
É possível atingir autoconhecimento ao sentir as manifestações do corpo analisando nosso comportamento diante dos eventos que acontecem na rotina diária. A habilidade de se adaptar às intempéries é o verdadeiro equilíbrio, não existem linearidades no processo, somente o potencial de dançar conforme a música.
A quem devemos responsabilizar o comando do cuidado em saúde?
Quando cuidamos, zelamos e damos atenção com dedicação. Cuidar é perceber a pessoa como ela é, como se mostra, seu gestual, sua dor e limitação. Cuidando respeitamos a história de vida, as emoções e as ações da pessoa. A nem todos há a escolha de ser cuidador de terceiros, mas a todos é atribuída a função de cuidar de si mesmo.
Autogerenciamento significa a melhora ou aquisição de habilidades para solucionar problemas nos âmbitos biológico, social e afetivo. É um processo individual e começa a acontecer de forma interna.
O homem enquanto parte da natureza atua sobre ela, e ao fazê-lo acaba se transformando, gerando um processo infindável de construção dele mesmo. Enquanto se cuida, acaba se modificando, permitindo-se cuidar também dos outros e mudar o ambiente à sua volta. O autocuidado transforma o homem e a natureza.
Autogerenciamento em saúde é aquele app que deve ser usado em modo off-line. É aquele momento que devemos parar de olhar para fora e iniciar um olhar para dentro, desligar as preocupações com opiniões dos outros. E a senha para acessar é sentir.
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