“Quero morrer dormindo”, dizem várias pessoas que conheço, um olhar sobre o medo do desconhecido, na evitação do sofrimento. E, curiosa e contemplativa como sou, quando peço para descrever como seria essa morte, quase sempre ouço a descrição de um descanso depois de uma longa e confortável vida, preferencialmente sem dar trabalho para ninguém.
O que acontece, observando a natureza, é que o envelhecimento vem acompanhado de limitação funcional, de forma que no final da vida há salpicos de dependência que chega ao ponto dos cuidados paliativos finais. Por mais que haja toda uma rede de apoio profissional, sempre há aquele familiar o qual é coroado com a função de cuidador. Socialmente e até evolutivamente há uma tendência de esse lugar ser feminino.
Seguindo a ordem natural da vida, há a geração seguinte cuidando da anterior em seus últimos dias. Entretanto, com o avanço das ciências de saúde, temos sobrevida em casos de traumas severos e doenças congênitas. Nesses casos, o familiar cuidador assume um posto sem data para acabar. Um trabalho que não tem descanso e que permeia auxílio para higiene, acompanhamento para inúmeras consultas, atenção integral e em muitos casos inclui o enfrentamento de preconceitos.
O que não deve ser negligenciado ou esquecido é que o cuidador também precisa de cuidados, uma vez que se doa tanto. Estabelecer revezamentos nos cuidados e proporcionar momentos de lazer são maneiras de garantir mais leveza nas rotinas, mais cuidado para o cuidado.
Este vídeo pode te interessar
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.