O deputado federal Amaro Neto (PRB) quer ser governador do Espírito Santo. E está se preparando para isso.
No momento, o meio político capixaba inteiro se divide em torno da pergunta: o que Amaro fará em 2020? Será candidato a prefeito na Serra ou, novamente, em Vitória? Hoje, ele pode ser candidato em qualquer um dos dois municípios (com tendência maior para Vitória), ou, inclusive, não ser candidato a nada no ano que vem. Está avaliando cuidadosamente os muitos cenários.
Assim como Paulo Hartung em processos eleitorais passados, a decisão de Amaro sobre o que ele mesmo fará pode determinar o caminho tomado por muitos outros agentes políticos capixabas, hoje em compasso de espera, aguardando a definição do deputado.
O certo é que, no horizonte político de Amaro, o que ele enxerga para si é o Palácio Anchieta. Partindo dessa premissa, tornar-se prefeito a partir de 2021 não seria um objetivo final, ou um fim em si mesmo, mas uma escala rumo ao governo. A questão, então, para Amaro, é saber se virar prefeito no meio dessa escalada teria mais a ajudá-lo ou a prejudicá-lo.
Eleger-se prefeito da capital ou da cidade mais populosa do Estado pode aumentar a sua força política, mas também pode lhe proporcionar um desgaste ao qual, talvez, ele não precise se submeter: prefeitos de grandes cidades são infinitamente mais cobrados que deputados federais.
Uma coisa é ficar tranquilão lá em Brasília, atendendo a prefeitos, construindo relacionamentos políticos, preparando a candidatura ao governo sem precisar se apressar; outra é ser demandado o tempo todo como prefeito, sob o risco de cometer erros administrativos que poderão ser usados contra ele em uma campanha maior. Sem passar por essa provação, Amaro poderia se apresentar como candidato realmente fresco, jamais testado no Executivo, na eleição de 2022 – o que pode ser uma vantagem.
A história também prova que passar antes pela Prefeitura de Vitória não é imprescindível para alguém se tornar governador. Desde Camata, o primeiro governador eleito pelo voto direto na ditadura militar, só Vitor Buaiz e Paulo Hartung tinham isso no currículo.
Enquanto não decide o caminho a tomar no ano que vem, o que Amaro tem feito é aproveitar o mandato parlamentar ao máximo para se qualificar politicamente, a partir das experiências e dos contatos que Brasília lhe propicia. Amaro, relatam colaboradores, está adorando a Câmara Federal – muito mais do que a Assembleia Legislativa.
Todo o seu mandato, da formação do time de assessores parlamentares às comissões de que está participando, está voltado para esse objetivo de se preparar para disputar o governo na próxima década (possivelmente, em 2022).
Deem uma olhada nas comissões em que ele está: suplente da de Viação e Transportes; titular da de Turismo, da de Desenvolvimento Econômico e da Subcomissão Especial de Modernização do Código Brasileiro de Trânsito. Tudo tem a ver com logística e infraestrutura. Tudo tem a ver com vocações e questões estratégicas para o Espírito Santo. (Amaro, a bem da verdade, até buscou inserir-se nas comissões de Comunicação e na Ouvidoria da Câmara, mas não havia vagas).
Na formação da equipe, passando pela assessoria de imprensa, o deputado escolheu a dedo assessores com bom conhecimento sobre a realidade política do Espírito Santo. Não de Vitória. Não da Serra. Do Espírito Santo. Como consultor jurídico, nomeou o renomado advogado Ludgero Liberato, que revisa cada parecer ou projeto assinado por ele.
Amaro definitivamente abandonou os tempos de amadorismo, algo que, relatam interlocutores, o próprio deputado reconhece que havia em sua campanha de 2016 a prefeito de Vitória. Naquela eleição, seu time de marketing não dava grande importância a pesquisas.
Agora, como deputado federal, ele tem se pautado em pesquisas quantitativas e qualitativas, encomendadas pelo gabinete, para definir como se posicionar em debates e votações importantes no Congresso, levando em conta também (mas não apenas) o que pensa o seu eleitorado. Essas pesquisas também captam cenários em Vitória e na Serra e ajudarão o deputado a decidir sua vida eleitoral.
O GRUPO POLÍTICO
Amaro faz parte de um grupo político cujo núcleo duro, e inquebrável, é formado por ele, é formado por ele, o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (PRB), e o presidente estadual do PRB, Roberto Carneiro. Em torno deles, num primeiro círculo, gravitam aliados como o deputado estadual Marcelo Santos (PDT) e o ex-deputado estadual Sandro Locutor (PROS).
O deputado também cultiva a boa relação de outrora com o presidente estadual do PSL, Carlos Manato. Recentemente, ele chegou a conversar com o ex-senador Magno Malta (PR). Também iniciou conversas com o deputado estadual Lorenzo Pazolini (sem partido), outro possível candidato a prefeito de Vitória.
Amaro não sairá do PRB, onde está enraizado o seu núcleo político. A estratégia desse núcleo é chegar junto ao Palácio Anchieta e, para isso, fazer pelo menos um prefeito na Grande Vitória em 2020 é considerado fundamental. A definição de Amaro também passará por isso.
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