Hoje é hora de Quatro Paredes (independente – disponível nos aplicativos de música), o quarto CD do compositor e cantor Cássio Gava... confesso que eu pouco sabia do seu trabalho.
Recorri ao release. Dentre muitas outros, lá eu encontrei os quatro poemas escritos por Aldir Blanc, em 1978: “Árias Para Folhas de Fícus”, parceria do saudoso Aldir com Gava. Com a participação especial da cantora Márcia Salomón, Gava os gravou em 2012. Desde então, a parceria pareceu “hibernar”. Como se a emoção a protegesse e, também, aos quatro movimentos da Ária: “Desencontro Marcado”, “Lamas”, “Você” e “Ave Cerva”.
Com o ar puro envolvendo a parceria, desde a primeira gravação até os dias de hoje, Gava pediu autorização a Aldir para relançar a obra. E a autorização veio num e-mail, um dia antes de Aldir ser internado com a Covid-19 – de onde não sairia mais.
Sabedor de que “o show de todo artista tem que continuar”, Gava prosseguiu: “Os arranjos foram escritos por mim para uma formação popular: Sidnei Ishara (baixo elétrico), Roberto Gava (guitarra, violão, viola caipira e cavaquinho), Rogério Cardoso e Ricko Oliveira (batera e percussão), Gabriel Gava (vocais) e Cássio Gava (programações). E para uma formação erudita: Cíntia Braga e Flávia Lodi (cello), Lúcia Leão e Fernanda Sciotti (viola de arco), Adriana Maresca, Alex Braga e Fabiana Almeida (violino), Carlão Vianna e Renato Rosa (trombone), Spyro (tuba), Fábio Rocha (trompete) e Ricardo Barros (oboé), Dom Pedro (saxes tenor e soprano, flauta, clarineta, cavaquinho e clarone), Helena Simões, Fernando Forni, Joana Mariz, Tânia Guilherme, Márcia Salomon, Kléber Albuquerque, Roberto Gava, Gabriel Gava, Daisy Cordeiro, Élio Camalle, Selene Marinho e Mário Carvalho (vocal), Roberto Gava (craviola, viola caipira, violão de sete cordas e cavaquinho), Cássia Carrascoza Bonfim (flautim e flauta), Sérgio Menardi (clarinete, flauta e sax tenor), Laura Sokolowicz e Ricardo Barros (oboé), Herrera (sax alto), Alexandre Gutierrez (trompete) e Galba (bandolim). Roberto Gava (gravação, mixagem e masterização).
“Os Olhos” (Chico César e CG) é pop, gênero com que Gava tem intimidade. Em alguns compassos sua voz vem dobrada. As cordas se destacam. Uma leve levada estimula o lance.
“Faz de Conta” (CG) tem participação de Cida Moreira. Cantando o tema nordestino, ela é fundamental no arranjo.
“Toada” (CG e Zeca Baleiro). A presença de Zeca ao lado de Gava tem a força de mil megatons pipocando juntos.
“O Dom” (CG e Luiz Tatit) é outra bela música. A ótima letra de Tatit arrebata pela voz de Gava.
E chega “Árias Para Folha de Fícus” (CG e Aldir Blanc). As letras têm a cara do Aldir. Sentindo a fortaleza do que canta, Gava nos enternece.
Assim, embebido em criatividade, o ótimo CD de Cássio Gava fecha a tampa. Ali estão a emoção, a originalidade e a musicalidade de um compositor contemporâneo, que, dentre tantas outras, tem sua parceria com Aldir Blanc preservada de hoje até o futuro.
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