Vocês não podem deixar de ouvir o segundo álbum autoral de Branca Lescher, Eu Não Existo (independente). Cantora, compositora e poeta, Branca Lescher tem um cantar que é oxigênio. Ela desafia as normas ordinárias vigentes com a coragem de uma mulher que canta à liberdade de ser o que quiser ser.
Os arranjos de Marcelo Segreto (ele que também foi o produtor musical do disco) estimulam o desejo de maravilharem. Branca traz a música nas entranhas. O que faz dela um ser que vê a arte como o objetivo central da própria existência, uma buscadora do sentido da vida... Branca Lescher existe, sim! E está aqui!
Sua atuação nos remete ao Grupo Rumo, ao Premê, a Itamar Assumpção e a Arrigo Barnabé – deles vem o jeito galhofeiro de cantar versos profundos. E é também deles que vem a sua vocação para experimentalismos e dissonâncias.
No CD, trazendo os arranjos de Segreto à vida, estão Fabio Manzione (batera e percussão), Sidney Ferraz Jr. (piano e acordeom), Renata Garcia (clarinete, clarinete baixo e clarone) e Alexandre Porres (intervenções eletrônicas), Rui Barossi (baixo elétrico), Fabio Bergamini (batera e percussão), Gustavo Cabelo (guitarra e cavaquinho), Bernardo Couto (guitarra portuguesa), Toninho Ferragutti (acordeom), Swami Jr. (violão de sete), Mayra Viner (violoncelo) e o quarteto de cordas Quadril. Já as participações especiais nos vocais são assinadas por Marcelo Segreto, Regina Di Stasi, Paula Araujo, Claudia Fernandes Laham e Tuca Borba.
Ouça
Faixa a faixa
“Eu Existo” (Branca Lescher). A intro revela a sonoridade dos arranjos de Marcelo Segreto, bem como a personalidade de Branca.
“Desisto”(Edmiriam Modolo e BL). O clarinete, junto com o piano, deflagra o autoconhecimento da poetisa – a chama reacendida da “Vanguarda Paulista”.
“Antes de Mim” (BL) é puro pop. Toques eletrônicos se misturam à percussão e ao clarinete baixo.
Já “Violeta” (Edimiriam Modolo e BL) é uma declaração de amor. BL diz os versos amparada por sons eletrônicos e pelo acordeom.
“Salvo-Conduto” (Edimiriam Modolo e BL) foi inspirada no verso de Drummond: “(...) Vai ser gauche na vida (...)”. Quase um acalanto pop, a mãe se desdobra em recomendações ao filho.
“Lisboa” (Edimiriam Modolo e BL) é um fado. O arranjo lírico (en)canta pela voz de BL, enquanto clarinete e piano marcam a melodia.
“Bailado” (Edimiriam Modolo e BL) vem estimulado por sons eletrônicos, com direito à guitarra portuguesa e ao violão de sete. Branca e Cristina Clara arrasam num belo duo.
“Taj Mahal” (MS) – que música delicada e bela, meu Deus! – tem arranjo arritmo, no qual BL canta apenas com o violoncelo.
“Je Suis Nelson Mandela” (BL), outra linda música, conta com o quarteto de cordas Quadril. BL presta emocionante tributo ao herói da libertação do povo sul-africano do racismo.
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Branca Lescher e Marcelo Segreto tratam a música como expoente da cultura popular brasileira, dando a ela o vital sentido da criação – uma verdadeira cunha cravada no peito do imbecil e seus comparsas.
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