Hoje é dia do compositor, cantor e violonista paraense Arthur Nogueira. Ele foi convidado para fazer uma live de voz e violão só com canções de Caetano Veloso.
O sempre antenado DJ Zé Pedro, já prevendo o brilho da visão de Arthur Nogueira sobre a obra do filho de Dona Canô, estimulou a gravação em estúdio do álbum "Sucesso Bendito" (Joia Moderna).
Com canções pouco conhecidas, Nogueira entregou sua alma à música de Caetano, extraindo-a de volta envolta em arte e sentimento. Versão contemporânea de uma produção admirável – desde a concepção até o futuro.
Violão e voz embalados por pausas, affretandos, ad libtuns, acordes cheios, notas soltas, voz sem vibratos, graves afinados... singulares.
Ao ouvir Arthur Nogueira interpretando as canções de Caetano Veloso, emocionei-me e dei de “viajar”. “Viagens” que fiz ao ouvir cada música do álbum.
- "Sucesso Bendito". Enquanto a noite gira, o sol brilha oculto entre laivos de calor: "É bonito, é bonito, é bonito..."
- "Pronto Para Cantar". A intro do violão me conduz e traduz. A voz me surpreende e diz que quem canta em inglês sou eu. Ora, eu canto em português. Mas vou e volto. Sigo além, viro ali e vou até mais não poder. Delicada é a voz que a língua divide em duas.
- "Drama". O violão me induz a elucidar o intraduzível. Eu vivi o dia em que a dor me ensinou a sofrer, e a deixar passar. Os bordões do violão mostram que nem só de lua se faz a noite. A morte não existe, existe apenas a dor de cada gota de amor que escorre em rostos crispados.
- "Força Estranha". Por vezes não canto, declamo. Às vezes faço que canto, mas não canto, sopro as notas, alongando-as. Confesso que sei que o amor é da cor de uma jabuticaba. Cheiro, gosto, visão, tudo está para sempre em meu cantar. A ele entrego o meu dia a dia: "Cantar, cantar, cantar, cantar..."
- "Eu Te Amo". A solidão me induz a procurar o destino traçado no palco onde a atriz mente ao gritar que não sente o gosto da cajuína. “Boneca de Piche”, por que que será que eu ainda existo?
- "Giulietta Masina". "Lua, lua, lua, lua..." O drama afaga o deserto. A ele dou adeus, lamentando por cada verso que não me fez chorar.
- "Tempestades Solares". A introdução não vem. O canto vem. Salve ela, a música. Uma tragédia assombra as ruas, a pandemia, e pra música dá adeus.
- "Menino Deus". Daqui eu vejo um menino triste, a lamentar que aquele enorme vazio grita: “Esse oco está cheio de dor”.
- "Estou Triste". Lá do alto do fundo do poço, a tristeza guarda o seu lugar na vida.
- "José": O menino triste tem sede. Maria e José rezam por água e comida.
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