A presença de arquitetos e urbanistas no poder público é fundamental para uma gestão eficiente e o desenvolvimento equilibrado das cidades.
No contexto brasileiro, em que a urbanização acelerada traz desafios de infraestrutura, transporte e moradia, a atuação desses profissionais na gestão pública possibilita não só a antecipação de problemas, mas também a implementação de soluções de longo prazo.
Contudo, muitos órgãos ainda carecem de arquitetos e arquitetas para liderar iniciativas e projetos, o que leva a decisões focadas em soluções rápidas e paliativas, sem considerar o impacto urbano e ambiental a médio e longo prazo.
Um dos pontos críticos para o desenvolvimento das cidades é o planejamento urbano. Os arquitetos e urbanistas são capacitados para ter uma visão sistêmica, considerando as inter-relações entre os espaços públicos, a mobilidade, o uso do solo e as demandas sociais, atuando para um crescimento urbano sustentável, inclusivo e mais humano.
Ao integrar esses profissionais nas administrações municipais e estaduais, amplia-se a oportunidade de propor soluções que não apenas atendem às demandas atuais, mas que também se antecipam aos desafios futuros, prevenindo problemas como enchentes, falta de áreas verdes e congestionamentos excessivos.
As cidades planejadas com a visão de longo prazo oferecida por esses profissionais tendem a ser mais resilientes, saudáveis e propícias ao bem-estar de seus habitantes.
A participação de arquitetos no poder público também é essencial para a criação de políticas habitacionais que respeitem o direito à moradia digna.
A Lei Federal 11.888/2008, que determina a assistência técnica pública e gratuita para famílias de baixa renda, é um exemplo de como a atuação desses profissionais pode fazer a diferença, executando políticas públicas para produzir moradias seguras e acessíveis.
Com a participação ativa desses profissionais, políticas como esta podem ser amplamente implementadas e fiscalizadas, garantindo que as habitações populares sejam planejadas com qualidade e em consonância com o ambiente urbano.
Ao ocuparem cargos públicos, os arquitetos e urbanistas contribuem para a conservação e revitalização do patrimônio histórico e cultural das cidades, assegurando que as intervenções respeitem o valor histórico das áreas e promovam o turismo de forma sustentável.
Em cidades como Salvador e Rio de Janeiro, onde o patrimônio arquitetônico é um dos maiores atrativos, a presença de arquitetos e urbanistas tem sido decisiva para a preservação de áreas históricas e para a implementação de projetos de requalificação urbana que valorizam a identidade local e o dinamismo econômico.
Além disso, cidades como Curitiba, conhecida por seu planejamento inovador e urbanismo de referência, são um exemplo claro de como a presença de arquitetos na gestão pública pode transformar o ambiente urbano. A cidade foi pioneira na criação de sistemas integrados de transporte e na valorização dos espaços públicos, o que serviu de modelo para o mundo inteiro. Isso só foi possível porque arquitetos e urbanistas estavam à frente dessas iniciativas, trazendo sua visão técnica e inovadora para o desenvolvimento urbano.
Portanto, a presença de arquitetos e urbanistas na esfera pública deve ser encarada como uma prioridade estratégica. O entendimento técnico, a capacidade de planejamento e a visão social que essa profissão agrega são essenciais para que as cidades brasileiras possam crescer de maneira ordenada e para que políticas públicas urbanas sejam pautadas pela eficiência, inclusão e sustentabilidade, evitando o ciclo de intervenções emergenciais e precárias que tantos municípios ainda enfrentam.
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