Análises semanais do setor da construção civil, engenharia, arquitetura e decoração, com especialistas do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-ES), Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-ES), e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-ES).

Administrar a cidade para todas as pessoas é o principal desafio das próximas gestões municipais

Presidenta do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo, Priscila Ceolin, faz apelo a prefeitos e vereadores eleitos e reeleitos; principal reivindicação é pensar em cidade verdadeiramente voltada para as pessoas

Vitória
Publicado em 18/10/2024 às 08h30
Atualizado em 18/10/2024 às 08h30
Inclusão
Moradia digna é o ponto de partida para uma vida com saúde, educação e autoestima; um lar adequado faz com que as pessoas adoeçam menos, estudem mais e sejam mais produtivas. Crédito: Shutterstock

A cidade é um espaço de possibilidades: culturalmente vibrante, geradora de receita e sustento para muitos. No entanto, é importante lembrar que tratá-la como mercadoria não traz benefícios aos seus habitantes. Os negócios são importantes, mas devem sempre considerar o direito de todos à cidade. Nossa desigualdade é profunda, e empurrar a pobreza para a periferia ou ignorá-la só agrava o problema, cujas repercussões se manifestam na forma de violência.

A moradia digna é o ponto de partida para uma vida com saúde, educação e autoestima. Um lar adequado faz com que as pessoas adoeçam menos, estudem mais e trabalhem com mais produtividade. Além disso, a mobilidade é essencial. Tempo perdido em transportes ineficientes é tempo perdido com a família ou para o descanso.

Precisamos de cidades onde seja possível caminhar com segurança e onde as calçadas sejam acessíveis para todos, incluindo idosos, crianças e pessoas com mobilidade reduzida. Um sistema de transporte público eficaz pode tornar a cidade mais próspera, reduzir a poluição e aumentar a segurança.

A cultura é o que nos torna singulares. Invistam em manifestações culturais como dança, música, festas tradicionais, arte, design e arquitetura. Cada real investido retorna em dobro com a geração de empregos e atração de turistas. A economia criativa já se provou um motor de desenvolvimento. Apoiar distritos criativos e profissionais do setor contribui diretamente para o crescimento da cidade.

Em relação à crise climática, é urgente mudar nossa abordagem. Décadas de urbanização desordenada trouxeram sérias consequências ambientais. Não permitam que as gerações futuras paguem um preço ainda mais alto. Precisamos de Planos Diretores Municipais (PDMs) que respeitem as leis naturais, preservem áreas de várzea, reduzam a impermeabilização do solo e promovam o plantio de árvores para gerar sombra e melhorar a qualidade do ar.

Investir em transporte público diminui a necessidade de asfalto, liberando espaço para áreas verdes que trazem bem-estar à população.

Por fim, ouçam a população. Criem espaços de diálogo e fortaleçam os conselhos municipais. Revisem os planos diretores com a participação de especialistas e da sociedade civil, garantindo que as decisões sejam inclusivas, equitativas e planejadas para diferentes grupos sociais, idades e gêneros. O Estatuto da Cidade oferece as ferramentas para isso.

A democracia exige tempo e paciência, mas o resultado será uma cidade mais bem cuidada e conectada com as necessidades de seus moradores. A participação popular fortalece os projetos e cria vínculos entre a população e o ambiente urbano.

E aos cidadãos, um recado: a cidade é de todos. Informe-se, escute a ciência e participe ativamente, pois o seu voto impacta diretamente a qualidade da sua vida.

Priscila Ceolin, presidenta do CAU/ES
"A democracia exige tempo e paciência, mas o resultado será uma cidade mais bem cuidada e conectada com as necessidades de seus moradores" afirma a presidenta do CAU/ES, Priscila Ceolin. Crédito: CAU/ES

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