*Tito Carvalho
A inauguração do cais do hidroavião em 1939 trouxe uma primeira conexão aérea, substituída em 1946 pelo terminal de passageiros e sua pista de concreto, já em Goiabeiras, naquele momento, borda do município e distante da mais intensa vida urbana do Centro da Capital.
Incorporado à Infraero em 1975, desde então, tornou-se um grande diferencial para o desenvolvimento econômico da Grande Vitória, cumprindo suas funções logísticas, assim como foi incorporado gradualmente à paisagem e cultura urbanas e valorizado hoje por sua facilidade de acessos, totalmente envolvido pelos bairros residenciais que a ele se avizinharam.
A proteção verde que separa Mata da Praia e Jardim Camburi produziu um vazio urbano que cumpre uma importante função paisagística, ambiental e até no fluxo viário, gerando na orla um espaço capaz de absorver volumes excessivos de veículos.
Após o grande aporte de investimentos públicos e sua privatização, vimos um salto de valor deste equipamento que, além da função logística estratégica e toda borda de proteção ambiental voltada exclusivamente ao risco aeroviário, absorveu o potencial de ocupação imobiliária com a implantação de escola, atacarejos e uma diversidade de empreendimentos que são atraídos pela estrutura, conexão logística e centralidade urbana.
Se por um lado há um enorme potencial para desenvolvimento comercial e logístico de caráter regional, este é também o ambiente vizinho de mais de 100 mil moradores, ponto central de toda ocupação metropolitana e borda do ambiente de lazer mais nobre e acessível da metrópole, a orla de Camburi.
Por todo este contexto, em Vitória, somos obrigados a incluir a expectativa de que nosso aeroporto deve ser um caso exemplar de desenvolvimento econômico sustentável, integrando a economia logística com os setores do turismo, cultura e lazer, garantindo a qualidade de vida dos moradores, frequentadores e passantes, assim como o estímulo a uma microeconomia local vibrante.
Por que não conectar todos os bairros de entorno com um parque linear ao invés de calçadas inóspitas, desagradáveis e inseguras? Por que não pequenas praças e áreas de consumo localizadas ao seu redor, oferecendo atratividade, lazer, cultura, conforto, saúde, renda e segurança para a cidade? Por que não valorizar o uso atualmente subestimado deste trecho da orla, o único delimitado por uma borda verde?
Precisamos de soluções capazes de promover segurança, desenvolvimento econômico e ambientes saudáveis onde possamos sonhar a vida de nossos filhos e netos, orgulhosos do aeroporto mais charmoso do Brasil que no solo deixa a cidade ainda mais atraente e segura.
*Tito Carvalho é arquiteto e urbanista e conselheiro federal do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU).
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.