Análises semanais do setor da construção civil, engenharia, arquitetura e decoração, com especialistas do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-ES), Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-ES), e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-ES).

Já passou da hora de planejar as cidades pensando a longo prazo

Cidades mais resilientes exigem planejamento urbano inteligente, que alie desenvolvimento, qualidade de vida e respeito ao meio ambiente

Vitória
Publicado em 03/04/2025 às 01h58
Atualizado em 03/04/2025 às 04h58
Parque dos Manguezais, em Sanya, na China, é um exemplo de ferramenta de cidades-esponja
As cidades precisam se adaptar às transformações e desenvolver soluções adequadas às suas necessidades específicas. Crédito: Divugação/Turenscape

Muito se fala sobre o meio ambiente, sua preservação, sustentabilidade e como iremos sobreviver se não começarmos a priorizar o convívio entre o meio urbano e a natureza. Tudo isso é relevante e precisamos, sim, pensar em como solucionar os problemas que o tal do progresso tem trazido para o nosso planeta.

Todo centro urbano, que é um aglomerado de pessoas, edifícios e veículos, carrega problemas que afetam a todos, tanto moradores locais quanto pessoas em trânsito. Observando a transformação de uma cidade, podemos visualizar desafios como espaços vazios, engarrafamentos, calçadas estreitas, edifícios superdimensionados, aumento da temperatura, alagamentos e, ocasionalmente, desastres naturais que se tornam pesadelos para os moradores.

Já passou da hora de planejar nossas cidades pensando 50, 100, 500 anos à frente. Como queremos viver? O que seria uma cidade ideal para deixarmos para nossos netos e bisnetos?

Podemos descrever os problemas urbanos desde situações simples de resolver até questões mais complexas que demandam maiores esforços e recursos. Por isso, ouvir a comunidade deve ser a primeira iniciativa do gestor público, junto com o urbanista. Ninguém melhor que os próprios moradores para apontar os problemas do bairro. Com base nessa escuta, é possível organizar as demandas em planilhas, propor soluções e classificar o grau de dificuldade para implementá-las.

Com essas informações, os urbanistas, em conjunto com os gestores, podem planejar uma cidade melhor, considerando também as questões ambientais e as mudanças climáticas, que tem sido o calcanhar de Aquiles das cidades que tem rios, encostas em seu perímetro urbano.

Essas cidades precisam se adaptar às transformações e desenvolver soluções adequadas às suas necessidades específicas. Um exemplo são os bairros inteiros que sofrem com enchentes durante o verão. Todo ano a mesma preocupação: haverá inundação? Os moradores das áreas ribeirinhas ficam tensos. É fácil dizer que essas construções não deveriam ter sido erguidas ali, mas, na maioria dos casos, esses edifícios estão lá há décadas.

Precisamos entender que a expansão das cidades nem sempre permite o afastamento de cursos d'água. Quando a desapropriação é inviável, devemos buscar alternativas como criar parques e áreas de lazer nas margens dos rios e investir em intervenções para elevar casas, permitindo que a água escoe sem transformar ruas em canais improvisados. Políticas de incentivos e linhas de crédito direcionadas são soluções viáveis.

A impermeabilização das cidades não ocorre apenas pelos edifícios, mas também pelo asfaltamento excessivo, que substitui superfícies permeáveis como pedras. Redes de drenagem sobrecarregadas também agravam o problema, tornando necessárias soluções mais sustentáveis para o manejo da água pluvial.

Cidades mais resilientes exigem planejamento urbano inteligente, que alie desenvolvimento, qualidade de vida e respeito ao meio ambiente.

Mônica Fittipaldi 

Mônica Fittipaldi  - Conselheira do CAU/BR
"Já passou da hora de planejar nossas cidades pensando 50, 100, 500 anos à frente. Como queremos viver? O que seria uma cidade ideal para deixarmos para nossos netos e bisnetos?", indaga Mônica Fittipaldi . Crédito: CAU/Divulgação

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