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Planejamento urbano como instrumento para prevenção de catástrofes climáticas

Planejamento urbano não é apenas organizar ruas e prédios; é projetar cidades capazes de resistir às adversidades. Nesse contexto, arquitetos e urbanistas desempenham um papel crucial na prevenção de desastres

Vitória
Publicado em 30/01/2025 às 16h04
China foi pioneira em ter cidadee-esponja no mundo
A criação de  espaços alagáveis, zonas úmidas e coberturas verdes nos espaços urbanos são alternativas para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. Crédito: Divulagação/Turenscape

Início de ano no Brasil é sinônimo de chuvas intensas seguidas, muitas vezes, de tragédias. Enchentes, deslizamentos de terra, ondas de calor e colapsos urbanos não são apenas reflexos de extremos climáticos, mas também do descaso histórico com o planejamento urbano. A ausência de uma abordagem técnica e estratégica na gestão das cidades transforma eventos naturais em catástrofes humanas cada vez mais recorrentes.

Planejamento urbano não é apenas organizar ruas e prédios; é projetar cidades capazes de resistir às adversidades. Um exemplo evidente está na ocupação desordenada de áreas de risco. Sem controle e fiscalização, comunidades acabam sendo empurradas para encostas instáveis ou margens de rios, onde o perigo é iminente, tornando-se um dos grupos mais afetados pelas chuvas mais intensas.

Nesse contexto, arquitetos e urbanistas desempenham um papel crucial na prevenção de desastres. A implementação de sistemas de drenagem modernos, a criação de corredores verdes que facilitam a absorção da água da chuva e o estabelecimento de zonas de amortecimento ao longo de cursos d’água são algumas soluções práticas que o urbanismo oferece.

Além disso, o mapeamento de riscos e a criação de planos diretores participativos são ferramentas essenciais para garantir uma ocupação mais segura e sustentável do território. Casos emblemáticos reforçam essa tese. No litoral norte de São Paulo, a tragédia de 2023 evidenciou a falta de preparação urbana. Segundo estudos, a impermeabilização excessiva do solo e a ausência de planejamento territorial agravaram os danos causados pelas chuvas.

Situações como essa poderiam ser minimizadas com infraestrutura preventiva, como bacias de retenção, além de políticas públicas que restrinjam construções em áreas vulneráveis. A atuação de arquitetos e urbanistas na gestão pública é essencial para tornar essas mudanças uma realidade. Profissionais qualificados têm o conhecimento técnico necessário para alinhar desenvolvimento urbano, sustentabilidade e segurança, garantindo cidades resilientes para todos.

Mais do que nunca, é preciso reforçar que catástrofes não são inevitáveis, mas com planejamento, é possível preveni-las ou mitigar suas consequências. Em tempos de mudanças climáticas cada vez mais intensas, a participação de arquitetos e urbanistas no planejamento urbano é indispensável. Não podemos mais negligenciar a importância desses profissionais no processo de transformação das cidades nem sua responsabilidade na proteção da sociedade contra os riscos de um mundo cada vez mais globalizado.

Greg Repsold é arquiteto e urbanista, gerente técnico da Repsold Arquitetos, conselheiro superior do IAB/ES e vice-presidente do CAU/ES.
Greg Repsold: “Mais do que nunca, é preciso reforçar que catástrofes não são inevitáveis, mas com planejamento, é possível preveni-las ou mitigar suas consequências”. Crédito: CAU/ES/Divulgação

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