* Regina Cardoso Morandi
O mundo atual vive um momento de quebra de paradigmas e não podia ser diferente em relação ao espaço ocupado pelas mulheres na sociedade. Nas universidades brasileiras, a presença feminina vem mudando de forma significativa. Levantamentos recentes mostram que no Brasil quase 60% dos estudantes do ensino superior são mulheres. Há cada vez mais jovens recém-saídas do Ensino Médio optando por ingressar em faculdades de Engenharia. Nas faculdades de Arquitetura isso já é realidade há pelo menos três décadas.
Na segunda metade do século passado, mulheres como Lina Bo Bardi ainda destoavam entre expoentes (masculinos) da arquitetura modernista brasileira. Lina projetou edifícios notáveis como o Masp da Avenida Paulista e o conjunto arquitetônico do Sesc Pompeia, em São Paulo. Hoje em dia encaramos com muita naturalidade a liderança e o protagonismo de mulheres como Nadia Somekh, professora doutora da FAU-USP e atual presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo.
As mulheres têm demonstrado seu potencial em todos os segmentos da construção civil. Embora este ainda seja um setor dominado por homens, pesquisas demonstram que a força de trabalho feminina está aumentando no país. Cada vez mais vemos mulheres participando da concepção dos edifícios até a execução nos canteiros de obras. Ou seja, elas atuam desde o desenvolvimento dos projetos nos escritórios de arquitetura e engenharia até o momento de colocar a mão na massa, literalmente.
Além das arquitetas e engenheiras que se apresentam cada vez com mais frequência à frente das equipes de trabalho, a construção civil atualmente emprega mulheres azulejistas, eletricistas, pintoras, pedreiras, que são muito valorizadas pelo capricho e a precisão com que executam tarefas que exigem mais atenção aos detalhes.
Além de serem reconhecidas nos canteiros de obras por serem cuidadosas, perfeccionistas e muito responsáveis, elas também se destacam pelo perfil de melhor comunicação e interação com outros profissionais. De acordo com dados do IBGE, o aumento do número de mulheres atuando na construção civil foi da ordem de 120% nos últimos vinte anos.
Alguns fatores têm contribuído para que a mulher esteja mais presente na construção civil: busca por novos desafios profissionais, maior receptividade das empresas contratantes, incentivo público e privado para capacitação e principalmente os avanços tecnológicos que estão mudando os processos de trabalho.
Muitas tarefas braçais passaram a ser executadas por máquinas e a construção civil deixou de estar associada à força bruta. Felizmente, a cada dia, mais mulheres se apresentam com disposição para superar as desigualdades do setor, bem como o de enfrentar os mitos que envolvem o segmento, tais como o de que as mulheres têm pouca afinidade com cálculos.
Enfim, como se têm repetido ultimamente: “lugar de mulher é onde ela quiser”.
* Regina Cardoso Morandi é arquiteta e urbanista, pós-graduada em Materiais para a Construção Civil e Engenharia Legal e conselheira do CAU/ES.
Este vídeo pode te interessar
LEIA MAIS EM HUB IMOBI
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.