Análises semanais do setor da construção civil, engenharia, arquitetura e decoração, com especialistas do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-ES), Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo (CAU-ES), e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-ES).

Produtividade e sustentabilidade são chaves para uma construção mais forte

Em 2022, a construção cresceu 6,9%, muito acima da economia nacional, que registrou elevação de 2,9%

Vitória
Publicado em 14/04/2023 às 11h56
construção civil, obra
A construção tem buscado alternativas para aumentar a eficiência em novos modelos, não só durante a obra. Crédito: Shutterstock

* José Carlos Martins

Âncora da economia brasileira, a construção é responsável por quase 2,5 milhões de empregos com carteira assinada, cada vez mais qualificados. Isso é reflexo do crescimento positivo que o setor vem registrando nos últimos anos. Em 2022, a construção cresceu 6,9%, muito acima da economia nacional, que registrou elevação de 2,9%. Nos últimos dois anos, o crescimento da construção foi de 17%, fortalecendo a economia do país e proporcionando desenvolvimento social.

Paralelamente à força do crescimento do setor, avançam também as discussões sobre o amadurecimento de métodos eficientes em termos de produtividade e sustentabilidade. Esses são dois temas que serão debatidos no 96º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), que ocorre em abril. No evento, a construção vai comprovar que é responsável com o ambiente onde atua e que pode acelerar as mudanças positivas que ocorrem no mundo e na sociedade.

Assim como a construção tem grande capacidade de gerar empregos e um enorme efeito multiplicador na economia, também pode ser propulsora de ganhos socioambientais. Os investimentos no setor reverberam em outras atividades e garantem retorno no longo prazo em diferentes termos. Na prática, construção implica melhor qualidade de vida das pessoas.

No campo da produtividade, o setor quer puxar o desenvolvimento do país com sistemas mais planejados e industrializados, reduzindo desperdícios e consumindo menos insumos e energia. Dessa forma, a construção tem buscado alternativas para aumentar a eficiência em novos modelos, não só durante a obra, como depois de pronta a construção.

Um estudo do Sebrae apontou que os principais fatores a impactar a produtividade no setor são: capacitação e treinamento da mão de obra, uso apropriado da matéria prima, planejamento e controle das obras. No Enic vamos debater, por exemplo, como o uso intensivo de máquinas e equipamentos aumentam essa produtividade, redução do custo de manutenção dos imóveis com novas tecnologias e novas oportunidades em parcerias público-privadas (PPPs) e concessões.

No campo da produtividade, vamos debater, ainda, projetos e orçamentação em BIM, Design Structure Matrix (DSM), normas de desempenho, normalização técnicas e até metaverso. Isso porque, quanto mais eficiente o processo construtivo for, melhor será seu resultado para quem constrói e para quem usufrui da instalação. É nesse caminho que estão os principais avanços da tecnologia.

Essa tecnologia está mais atrelada à segunda palavra-chave: sustentabilidade. Em 2017, estudos já apontavam que o aumento de produtividade do setor no mundo em 1% poderia economizar US$ 100 bilhões por ano e reduzir drasticamente os impactos ambientais. Com novos processos produtivos temos uma atenção especial para as pessoas que constroem e que são atendidas pelas obras.

E o Brasil vem caminhando nessa direção. Dados do ano passado revelam que o Brasil é o 5º país do mundo com maior número de “edifícios verdes” certificados. Esse é um bom índice, mas ainda indica desafios e resistências.

No 96º Enic, que ocorrerá junto com a Feicon (maior evento de construção civil e arquitetura da América Latina) deste ano, vamos trazer o foco para a discussão de uma oportunidade sustentável e positiva que vem surgindo: a construção com madeira. Inovações tecnológicas e a maior conscientização das pessoas vêm despertando olhares para esse segmento, com enorme potencial no Brasil por suas características naturais. De cara, a madeira – por seu caráter renovável – pode significar captura de carbono em vez de emissões em ao menos parte da cadeia produtiva.

O território brasileiro, por sua extensão, conta com diferentes tipos de clima e nem todas as localidades têm o sistema tradicional sem madeira como o mais adequado. Regiões mais remotas e distantes dos centros urbanos levam a oportunidades de se introduzir elementos na construção com madeira. Seriam caminhos, inclusive, de construções mais acessíveis, como forma de se combater o déficit habitacional em determinadas localidades.

Outra ação que vai estar em evidência no Enic com potencial de expansão é o processo de etiquetagem de edifícios. O método objetiva melhorar a qualidade de projetos na construção, e fornecer ao consumidor, assim como já acontece em equipamentos elétricos domésticos, informações sobre o desempenho energético do empreendimento. Com a expansão desse costume, será mais comum a avaliação dos imóveis com base em sua eficiência energética.

O futuro da construção está atrelado à maior preocupação com temas como produtividade e sustentabilidade, tendo a tecnologia como aliada desse processo. O Enic é o palco para debater inovações e apresentar transformações. Essa é a resposta da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) sobre a responsabilidade do setor com o desenvolvimento sustentável do país.

*José Carlos Martins é presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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