A ArcelorMittal Tubarão vai paralisar o alto-forno 3 dentro de até 45 dias. A medida já é resultado da desaceleração da demanda nacional e mundial pelo aço em decorrência da pandemia do coronavírus. A informação foi confirmada pela siderúrgica.
“Considerando os cenários econômicos nacional e internacional, cujos mercados têm apresentado baixa demanda por aço, a empresa decidiu pela parada, em até 45 dias, das atividades do alto-forno 3. Ele se junta ao alto-forno 2, que está parado desde o ano passado”, informou a companhia por nota. Assim, apenas o alto-forno 1 continua em operação.
Além do alto-forno 3, uma fonte acrescentou que também vão ser suspensas as atividades de um conversor na aciaria e do lingotamento contínuo 2, mas ao ser questionada, a Arcelor não confirmou nem negou essa informação.
O tempo que o alto-forno 3 ficará inoperante, bem como qual será o impacto nos empregos e na produção local de aço não foram detalhados pela ArcelorMittal Tubarão. A empresa esclareceu apenas que “até o presente momento não há impacto no atendimento aos clientes”, e reforçou que uma das principais “preocupações tem sido a manutenção dos compromissos já acordados”.
Considerando a capacidade produtiva da Arcelor no Estado, de aproximadamente 7,5 milhões de toneladas de aço por ano, com a interrupção das duas plantas, a unidade capixaba passará a produzir menos da metade do seu potencial, uma vez que o alto-forno 2 tem capacidade para 1,2 milhão de toneladas e o 3 para 2,8 milhões.
IMPACTOS DE CURTO E LONGO PRAZO
A interrupção das atividades do equipamento reforça como a pandemia da Covid-19 está afetando as economias globais. No mercado interno, a retração, por exemplo, do segmento da construção civil e de obras ligadas à infraestrutura trazem reflexos diretos para a siderurgia. No mercado internacional, países como os Estados Unidos e a China, importadores do aço capixaba, estão entre os mais afetados pela doença, e isso compromete a demanda pela commodity.
Este cenário traz preocupações imediatas, como a redução da atividade econômica, queda na arrecadação e a possibilidade de desligamentos de profissionais, mas levanta algo que pode ser preocupante no médio e no longo prazo, que é a perda de competitividade da siderurgia capixaba.
A ArcelorMittal tem plantas espalhadas por todo o mundo. Ao tomar a decisão pelo desligamento de um alto-forno no Estado, ela passa um recado de que do ponto de vista global, podemos estar ficando para trás.
Historicamente, Tubarão sempre foi uma referência na produção de aço, sendo considerada uma das plantas com melhor qualidade e custo de produção do mundo. Desligar o alto-forno 3 e manter o alto-forno 2 sem atividades pode ser um indicativo de que essas plantas já não oferecem tanta competitividade como antes e, se isso vier a se confirmar, estamos diante de um dilema que vai muito além dos impactos do coronavírus.
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