O atual momento vivido pela Petrobras, de focar seus trabalhos e investimentos na exploração e produção de petróleo e gás, especialmente no pré-sal, pode abrir uma janela de oportunidades gigantesca para o Espírito Santo.
Não são apenas refinarias, dutos e campos terrestres os ativos nos planos de serem vendidos pela estatal, as reservas minerais também passaram a fazer parte dessa potencial lista. E é aí que entra o Estado. A companhia tem hoje a maior reserva de sal-gema do Brasil e uma das maiores da América Latina no município de Conceição da Barra, além de jazidas em São Mateus e Ecoporanga, que juntas representam mais de 60% de toda a reserva brasileira de sal-gema.
A ideia da Petrobras é passar as áreas para outras empresas que tenham o interesse em realizar a exploração. É o que garante o deputado federal Felipe Rigoni (PSB). Ele se reuniu com técnicos da companhia que adiantaram esse interesse. À coluna, o parlamentar contou que, em reunião com o gerente executivo de relacionamento da Petrobras, Fernando Borges, e com o gerente de relacionamento institucional, João Romeiro, eles afirmaram que a estatal está procurando interessados em comprar as jazidas.
Felipe Rigoni, deputado federal
A Petrobras não vai explorar essas reservas. A atividade não tem nada a ver com o que a empresa faz hoje. Eles têm total disposição de passar o direito de exploração. A nossa missão é achar investidores
Para Rigoni, o primeiro passo é identificar interessados. A partir daí, eles serão apresentados à Petrobras para que possa ser estudada a transferência das áreas, avaliando inclusive normas junto a órgãos ambientais, de regulação e controle.
O deputado considera essa pré-disposição da petroleira de vender seus ativos minerais como uma grande chance de o Espírito Santo diversificar sua economia. “Você tem uma riqueza não explorada que pode vir a ser propulsora do desenvolvimento no Norte. Uma vez instalada essa exploração, ela pode estimular a vinda de indústrias para o Estado”, ponderou ao citar que essa cadeia tem potencial de gerar mais de 10 mil empregos.
A coluna conversou também com o engenheiro químico e ex-funcionário da Petrobras José Brito de Oliveira, que chegou a conhecer o projeto da exploração do sal-gema, descoberto há mais de 40 anos no Norte capixaba. Para ele, seria um ótimo negócio o Estado desenvolver a proposta. O especialista explica que há um grande mercado na área, que vai muito além do da alimentação, o mais conhecido. “Mercado tem demais. Não só o da alimentação, mas também nas áreas química, agropecuária, industrial. Aqui mesmo no Estado, a Suzano (ex-Fibria) é uma consumidora do produto. Para se ter uma ideia, 45% do sal do mundo é destinado para o mercado industrial.”
Brito lembra de anos atrás, quando a equipe da Petrobras fez estudos sobre as reservas. Na época, a empresa considerava viável a exploração, mesmo com a complexidade ambiental requerida, e calculava um custo de venda de 22 dólares por tonelada, o suficiente para competir com a indústria chilena, que cobrava de clientes do Brasil 38 dólares a tonelada, 16 da extração e 22 do transporte.
“Lá no Chile a extração é mais barata porque eles têm uma mineração de superfície. Mas mesmo com o custo aqui de US$ 22, nós temos a vantagem do frete”, observou ao citar que São Paulo até hoje importa o sal do Chile.
Por que então a exploração dessa riqueza nunca foi para frente? Segundo especialistas, um dos motivos teria sido o forte lobby, anos atrás, de políticos e empresários do Rio Grande do Norte que temiam que o desenvolvimento deste mercado no Espírito Santo abalasse os negócios por lá. E diante da grande interferência que o governo federal exercia sobre a Petrobras, a decisão de tocar a exploração por aqui nunca vingou.
Para quem entende do assunto, há mercado suficiente para os dois Estados. O cenário atual já é de uma Petrobras bem diferente, em que não faz sentido querer abraçar todas as áreas. Algo que tem ficado cada vez mais claro nos planos de negócios. E, com um governo mais liberal, a interferência política tende a ser reduzida. Motivos para otimismo existem. Agora, faltam aparecer os interessados.
DIARISTAS EM REDE
Redes sociais voltadas para o mercado de trabalho estão abarcando todos os perfis profissionais. Quem acha que o Linkedin, por exemplo, é espaço apenas de interação e promoção de executivos e grandes empresas está enganado. Com a informalidade, o emprego doméstico ressurgiu e muitos trabalhadores dessa área, como as diaristas, estão aproveitando as redes na internet para alcançar o seu público e buscar oportunidades.
EMPREENDEDORISMO? TEMOS!
Aliás, senso de oportunidade é o que não falta ao brasileiro. Ultimamente, muitos eventos têm adotado o ingresso solidário em que o preço do tíquete sai mais barato para quem levar algum mantimento, por exemplo. Como não faltam casos de esquecidos, ambulantes estão aproveitando para vender alimentos não perecíveis e garantir uma renda extra.
LICENÇA PARA INVESTIR
A ArcelorMittal Tubarão requereu neste mês ao Iema as licenças prévia e de instalação para implantar a unidade de dessalinização da água do mar para uso na própria indústria. O projeto vai receber investimentos de R$ 50 milhões.
DEBATE COM JOBIM
O ex-ministro da Defesa e da Justiça e ex-presidente do STF, Nelson Jobim, virá ao ES na próxima quinta-feira. Ele, que hoje faz parte do conselho de Administração do BTG Pactual, vai falar sobre Segurança Jurídica e desenvolvimento no evento Circuito de Palestras Banestes, no Palácio Anchieta.
A VEZ DO ONSHORE
Nos dias 24 e 25 de outubro vai ser realizado no ES o workshop do Programa de Redescoberta da Atividade de Petróleo e Gás Onshore, o Reate. A ideia é traçar planos de ação para aumentar a produção terrestre e desenvolver a cadeia de fornecedores e o mercado de trabalho.
Hoje, a extração em terra no Norte do Estado está entre 10 mil e 12 mil barris de óleo por dia. Com o Reate e com as concessões dos campos terrestres no Espírito Santo, a expectativa é que a produção onshore aumente. Pelos cálculos de especialistas, há potencial para chegar, dentro de dois anos, a uma produção de aproximadamente 50 mil barris por dia.
Mas para que o setor ganhe fôlego, é importante que existam mudanças também na relação das empresas com o refino, que hoje ainda é concentrado na Petrobras. A reclamação dos produtores menores é que a estatal ainda dita os preços e as regras. Por isso, entre o grupo que vai realizar o Reate em Vitória estão sendo discutidos temas que precisam ser trabalhados dentro deste novo cenário, como a possibilidade de instalação de uma refinaria e terminais portuários para exportação. Para empresários e técnicos, o novo momento exige maior agilidade nos licenciamentos ambientais, mudanças na regulação e a utilização do Fundo Soberano para os investimentos.
CAMPO FOLCLÓRICO
Este vídeo pode te interessar
Na última terça-feira, três campos terrestres de petróleo no Norte capixaba foram arrematados no leilão da ANP. Um deles tem o curioso nome Mosquito. Segundo uma fonte da Petrobras, havia um certo folclore em torno desta denominação. Entre os profissionais havia até uma brincadeira de que o campo já nascia pequeno ao receber este nome. Tomara que a empresa vencedora desmistifique essa lenda.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.