“Você precisa comer seus vegetais”. Não é mais uma bronca da mãe, tampouco exigência do nutricionista. Precisamos aprender a amar (e a cozinhar) os vegetais porque aquele bifinho com batatas fritas da segunda-feira não está mais dentro do orçamento do mês.
Quando criança, eu torcia um pouco o nariz para boa parte dos legumes. A salada, lá em casa, era bem farta: tomate, alface, repolho, pepino, ervilha em conserva, um palmitinho vez ou outra e seleta de legumes cozidos na água. Sempre foi “de lei” começar as refeições com um bom prato de salada.
Eu não era exatamente chata, mas aquela cenourinha molenga, o chuchu insosso, a couve-flor transparente e a vagem pálida não desciam de jeito nenhum. A tal da beterraba, então...valei-me.
Virei "aborrescente" acreditando piamente que não era fã daqueles vegetais. A verdade é que, quem cozinhava daquele jeito as verdurinhas, além de mandar os nutrientes pelo ralo, deixava ir embora também as texturas e os sabores maravilhosos daquele alimento.
Como cozinheira, hoje, eu sou apaixonada por quase tudo que adorava odiar. Muito antes da crise da carne, descobri que uma boa frigideira quente, uma brasa ou o forno podem transformar os vegetais em protagonistas das refeições, como nesta receita de steak de couve-flor com cuscuz e creme de queijo de cabra. Sou declaradamente carnívora, de implorar aos estabelecimentos pelo ponto vermelho escarlate das carnes.
Mas neste momento estranho, para dizer o mínimo, reinventar as rotinas é tanto uma necessidade econômica quanto um ato político. E como a gente não quer só comer, a gente também quer gostar do que come, separei algumas dicas para quem quer aprender a amar os vegetais:
- Abóbora: não cozinhe em água. Para amar esse fruto, corte em fatias, disponha em uma assadeira com alguns dentes de alho, uns ramos de tomilho, sal... Temperos secos como pápricas, cominho, açafrão e curry também vão bem. Regue com um fio de azeite e deixe assar em fogo médio por mais ou menos 20 minutos, ou até ficar macia e tostadinha. Funciona muito bem na churrasqueira também!
- Cenoura e vagem: eu amo dar um toque oriental. Então, corto em palitos e salteio na frigideira mesmo, com alho e gengibre ralados. Tente substituir o óleo comum pelo óleo de gergelim, e o sal pelo molho de soja. O resultado é surpreendente! Finalizar com gergelim e cebolinha também é uma boa.
- Couve-flor: um dos meus ingredientes preferidos na cozinha. Funciona no forno, da mesma forma que a abóbora. Mas meu jeito preferido é cortar por inteiro (inclusive o caule) numa fatia só, como se fosse um bife. Tempere com sal, pimenta-do-reino e páprica, e, em seguida, doure numa frigideira ou na chapa bem quente. Eu gosto bem crocante, mas para um resultado mais macio, é só acrescentar umas colheres de água na frigideira e tampar. Assim, ela vai cozinhar no vapor e não vai perder o sabor. Funciona muito bem com brócolis japonês também.
- Berinjela: coloque direto na brasa ou na boca do fogão até queimar por completo a casca. Depois é só tirar com cuidado a pele queimada, temperar com sal, pimenta e azeite, e pronto! Para incrementar, adicione umas colheres de iogurte integral e umas folhas de hortelã.
- Beterraba: envolva em um pedaço de papel alumínio e deixe cozinhar por uns 15 minutos no fogão (para uma beterraba média). Retire a pele, que sai com facilidade. Ela vai estar pronta para saladas, picles, risotos. Minha dica? Com uns cubinhos de beterraba, algumas alcaparras, raspas de limão siciliano e um pouquinho de mostarda pode sair um belo tartar.
- Cebola e alho: esqueça o sabor forte da versão crua. Leve cebola e alho com casca e tudo direto para a brasa. O resultado é outro: pétalas macias, defumadas e adocicadas, perfeitas para a finalização de pratos. O alho, por sua vez, vira um creme caramelizado e doce, disposto a dar vida nova ao monótono purê de batatas ou às mais infinitas preparações.
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