Pergunta: "Como limitar o uso de eletrônico com as crianças? Meus filhos tem 10 e 6 anos e estou tendo dificuldades em faze-los engajar em outras atividades".
Engana-se a mãe e o pai que pensam que podem abolir o uso dos eletrônicos da vida das crianças. Eles vieram para ficar. Os tablets, celulares, computadores fazem parte do cotidiano de todos. E dia a dia, acumulam mais e mais utilidades a ponto de não conseguirmos sair de casa sem esses aparelhos e quando saímos, é como se um pedaço de nosso corpo fosse deixado para trás. E as crianças aprendem vendo essa dependência do adulto com a tecnologia.
As telas que cabem na palma da mão são as novas babás das crianças. E o repertório dos pais, para ocupar seus filhos está bem limitado por uma simples questão: acham que a criança tem que estar sempre entretida! O que é uma questão que alimenta a culpa entre os pais. E eu afirmo, a criança não precisa estar sempre entretida. As crianças devem e podem participar do cotidiano.
Eu vou dar algumas sugestões para ocuparmos as crianças. E com isso construir atividades que toda a família participe. Estando juntos ou não.
Que tal levar a criança consigo quando fizer compras? Quanto menor a idade, menor deve ser o tamanho do mercado e menos tempo você deverá ficar com ela nesse recinto. Aproveite esse momento para ensinar a criança como encontrar os itens da lista, que foi organizada previamente. No mercadinho, ou, na padaria do bairro, por exemplo, é uma oportunidade maravilhosa de engajá-lo na escolha dos pães e das frutas. Que tal experimentar novos sabores? Sempre deixe que seu filho escolha um item. Uma criança que atendo, gosta de escolher o sabonete. Já o meu filho, sempre saía com uma escova de dentes nova. A frequência dessa atividade pode ser mensal.
Precisa comprar um presente para o colega da escolha de seu filho? Combine com ele o valor que irão gastar. Entregue o dinheiro a ele e conversem sobre o que o colega em questão gostaria de receber. Ao chegarem na loja, ensine ao seu filho, como se dirigir ao vendedor. Com isso a criança aprende a efetuar as ações do cotidiano e garantimos a ele autoconfiança no estabelecimento das relações com os outros. Ah, sem contar que a hora de fazer o pagamento pode ser utilizada como um exercício bastante interessante de matemática. E é infalível quando o troco vai para o cofrinho para ser usado em outras oportunidades.
Vai visitar os avós ou irá à casa de uma amiga no domingo? Que tal fazerem juntos uma receita? Algo simples. Um bolo, um brigadeiro ou um suco. O cuidar se expressa das mais variadas formas e é muito agradável para as crianças serem elogiadas por algo que puderam fazer com as próprias mãos. Sentem-se importantes e confiantes.
E nessa mesma linha, que tal construir um brinquedo? Separem embalagens e com um pouco de papel colorido, cola e imaginação, quantas coisas podem ser feitas, juntos. Escrever uma carta, um bilhete, parabenizando por uma conquista. São tão pequenos os gestos que nos humanizam.
Se o responsável precisa de um pouco de tempo para si, aí sim, pode ser escolhido um filme. As animações clássicas são ótimas oportunidades de se tornarem temas para conversas. Afinal elas são produzidas especificamente para alimentar a fantasia das crianças. Dá para experimentar muitas emoções sem precisar vivenciá-las. Está tudo ali, alegrias, tristezas, medos, inseguranças.
A casa também é um terreno fértil para muitas atividades com as crianças. Além de ficar no sofá só brincando com as telas, pode-se utilizar os livros, as revistas. Fazer recortes e colagem. Os objetos da sala, como as almofadas podem sem ótimos obstáculos para serem vencidos quando precisamos atravessar o rio de lama que se esparrama pelo chão. Na infância tudo é entretenimento. Mas o adulto precisa permitir que sua criança interna também saia para ir brincar com os filhos.
Infelizmente os adultos são devorados pelas demandas do cotidiano. Vivemos os excessos. De trabalho, de afazeres. Os adultos também utilizam os eletrônicos como chupetas. O Brasil é o país que mais consome redes sociais. E esse exemplo, com o desvio do interesse da vida real para a vida da telinha encontra ressonância nas crianças.
Não adianta pedir para as crianças abrirem mãos das telas, é divertido, ocupa o tempo, entretém. Mas também aprisionam, limitam, empobrecem o repertório criativo das crianças. Há um dizer que gosto muito que é o seguinte: “a palavra convence, mas o exemplo arrasta”. Que tal nessa segunda-feira, que é o dia mundial da mudança de hábitos escolher uma das sugestões acima para pôr em prática?!
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