O processo de automação produtiva, que não abrange apenas o setor industrial com a chamada Indústria 4.0, mas que praticamente abarca todos os demais setores da economia, inclusive categorias de serviços, desperta preocupações, temores de ordem planetária, e também ansiedades.
> Empresas capixabas precisam inovar para sobreviver à indústria 4.0
Não poupa nem países mais avançados, que estão mais preparados para se adequarem aos seus impactos. Para um país como o Brasil, que conta com cerca de 13 milhões de desempregados, mas cuja origem causal não está vinculada ainda à nova revolução industrial, o problema torna-se mais desafiante.
O Brasil conta hoje com uma força de trabalho ocupada de aproximadamente 84 milhões de trabalhadores, aí incluindo-se ocupações formais e informais. Um estudo desenvolvido por pesquisadores brasileiros na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, avalia que nos próximos dez anos, 31 milhões desse total poderão literalmente serem varridos das suas atuais ocupações. Isso porque estão hoje em ocupações com alta probabilidade de sofrerem automação.
Em grande proporção, podemos afirmar que mais da metade dos brasileiros que de alguma forma se encontra ocupada em postos de trabalho serão impactados pelos processos de automação em curso.
Na indústria, a ação será em decorrência da utilização de máquinas cada vez mais precisas e inteligentes, que substituem a força de trabalho. Já no comércio e serviços, a substituição se dará pelo crescente uso de inteligência artificial, com a “algoritimização” de processos, internet nas suas mais diversas utilizações e novidades que aparecem a todo instante.
O Brasil defronta-se, assim, com dois grandes e altamente complexos desafios: como lidar com o legado do atraso e, ao mesmo tempo, preparar-se para a era da Inteligência Artificial (IA). Entre os riscos que se incorrem, o pior deles, no entanto, é a incapacitação em se lidar com o estoque de desocupados que fica para trás, ao mesmo tempo em que não devem conseguir preparar-se para o que virá. Seria o pior dos mundos. Estaríamos contribuindo para a formação de um contingente crescente de “inúteis”.
Se de um lado o cenário pode nos parecer desastroso, de outro há a avaliação de que o país já se defronta com a situação típica de “apagão” de mão de obra mais qualificada.
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Aliás, o uso da expressão mão de obra soa até extemporânea, pois é de mentes, conhecimentos e inteligência que o mundo está em busca. Isso significa que estão, e estarão, sendo criados novos “espaços” para novas ocupações e profissões. No entanto, com a particularidade de exigirem novas habilidades e qualificações. O Brasil precisa fazer essa passagem cuidando ao mesmo tempo do legado e do que lhe conferirá competitividade.
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