É engenheiro ambiental, sócio da Maker Sustentabilidade

Crise climática: riscos sobem e ES toma medidas para se proteger

Merece destaque a recente decisão do Governo do Estado e Ministério do Meio Ambiente de aporte de recursos para a elaboração de Planos de Adaptação às Mudanças Climáticas das 78 cidades capixabas

Vitória
Publicado em 28/11/2024 às 03h05

O mês de novembro teve vários eventos com implicações no combate à crise climática.

Nos Estados Unidos, a eleição de Donald Trump aumentou os riscos climáticos, não só por sua promessa de retirar mais uma vez o país do Acordo do Clima, como de estimular o uso de combustíveis fósseis. Como os EUA foram responsáveis por 14% das emissões globais em 2022, isso terá um impacto significativo, ainda que possa ser eventualmente limitado pelas legislações de alguns estados, como a Califórnia, por vultosos investimentos em curso no país associados à energia renovável e à política de empresas americanas comprometidas na luta contra a crise climática.

COP29 (Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas), realizada no Azerbaijão, ocorreu sob esse cenário sombrio. Refletindo-o, o documento final aprovado não superou as indefinições sobre responsabilidades de financiamento e principalmente não faz menções aos combustíveis fósseis – responsáveis por 75% das emissões globais de Gases de Efeito Estufa (GEE) relacionadas às atividades humanas.

Ainda assim, foram alcançados alguns resultados positivos, como a criação de um mercado global de carbono, que destravou um longo impasse, possibilitando que países ricos que excederem suas metas possam compensá-las investindo em projetos de países em desenvolvimento a custo mais baixo, como restauração florestal.

O próximo passo será a COP30, em 2025, em Belém. Como protagonista de importância global pela diversidade dos seus bens da natureza, o Brasil terá a responsabilidade de tentar iluminar caminhos ora sombreados por tantas nuvens escuras no horizonte.

Alinhado a essa responsabilidade, foi dado um passo importante no país com a aprovação da lei que regulamenta o mercado de crédito de carbono, já existente em 75 países, que possibilitará nossa participação no mercado global.

A pergunta central é sobre o impacto de todos esses fatos no aumento da temperatura da atmosfera, que já subiu 1,2 graus C em relação aos níveis pré-industriais, bem próximos do aumento desejável de 1,5 graus C até o final do século, como acordado em Paris.

Muitos cientistas acreditam não ser mais possível manter-se dentro desse limite, prevendo que o aumento pode chegar a 2 ou 3 graus Celsius, com riscos desastrosos para o planeta. Convém lembrar que a temperatura não é regulada pela emissão dos GEE, mas pelo estoque já existente na atmosfera. Comparando-a a uma lata de lixo, a de 1.5 graus C já está quase cheia, com pouquíssimo espaço para receber novas emissões.

Mulher, mudança climática e meio ambiente
Mudanças climáticas. Crédito: Freepik

Quem pressente um perigo busca o lugar seguro possível. O Espírito Santo vem buscando esse lugar, desenvolvendo desde 2003 políticas públicas que o tornaram um farol para o país em várias áreas, inclusive a ambiental. Sem esquecer a mitigação das emissões dos GEE, através de programas de restauração e reflorestamento exemplares, suas políticas também miram o que o Estado pode fazer de mais eficaz, que é proteger sua população através de um conjunto de medidas de adaptação climática.

Merece destaque a recente decisão do Governo do Estado e Ministério do Meio Ambiente de aporte de recursos para a elaboração de Planos de Adaptação às Mudanças Climáticas das 78 cidades capixabas, com a identificação dos riscos a que cada uma está sujeita e estratégias para o enfrentamento dos eventos extremos, atingindo principalmente os mais vulneráveis a cada tipo de risco, como os idosos nas ondas de calor e os residentes em áreas de risco no caso de desabamentos e enchentes.

O planejamento antecipado dessas medidas ajudará o Espírito Santo a enfrentar melhor os difíceis cenários que visualizamos pela frente.

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