Nos primeiros dias de governo, o presidente Donald Trump anunciou várias medidas, como a saída do Acordo de Paris e diretrizes para incentivar o uso de combustíveis fósseis, que poderão ter um impacto significativo sobre as mudanças climáticas, já que os EUA são a maior economia do mundo e responsáveis por 15% das emissões globais dos Gases de Efeito Estufa (GEE).
Essas decisões pioraram um cenário já sombrio, como os resultados abaixo do esperado da COP29 (Conferência anual da ONU sobre mudanças climáticas), e o fato de 2024 ter sido o ano mais quente da História. Continuamos sem saber como reverter a degradação ambiental do planeta.
O momento é de incerteza, e isso afeta as políticas de combate às mudanças climáticas e as expectativas dos resultados da COP30, em novembro, em Belém.
O ponto de partida é que Trump 2 não é igual a Trump 1, tendo agora o controle total do seu partido e eliminando as resistências dentro do governo por escolhas pelo critério da lealdade.
Devido à influência norte-americana, muitas mudanças poderão acontecer em vários países, e algumas até já vinham ocorrendo antes, mesmo em países europeus. Já a China, poderá eventualmente ver no recuo americano uma chance para aumentar seu protagonismo global.
Embora seja o maior emissor de GEE do mundo, tendo o carvão como sua principal fonte de energia, o país investiu 250 bilhões de dólares em energia solar e eólica entre 2022 e 2024, tornando-se líder global em capacidade instalada de energia limpa.
Ressalte-se também que os efeitos concretos nos EUA do 1º Governo Trump foram menores do que o impacto político. Ainda que não tenham caído, as emissões americanas de GEE ficaram estáveis ao longo e depois do seu 1º mandato, apesar de ele na época ter tomado decisões similares às de agora.
Isso ocorreu em vista de legislações, programas e iniciativas de combate às mudanças climáticas de governos estaduais, municipais e do setor privado, que entendem que o mundo está num caminho sem volta rumo à economia descarbonizada, e que, se o país se atrasar, sua economia perderá competitividade internacional.
Deve-se dar destaque às energias renováveis - solar, eólica e biomassa, cujos investimentos foram de 160 bilhões de dólares durante os 4 anos do primeiro mandato de Trump, e que saltaram para 150 bilhões de dólares apenas em 2024, inclusive em 12 estados governados por republicanos, como o Texas.
No setor industrial, inúmeras inovações relacionadas à economia de baixo carbono também ocorreram, para não perder competitividade e atender às demandas dos seus consumidores. A Tesla de Elon Musk é um dos exemplos.

A COP30 será realizada em novembro deste ano, em Belém, sob a presidência do Brasil. Há o temor de que o país venha a ser protagonista de uma conferência de resultados nulos e até retrocessos, se seus objetivos forem obter mais recursos financeiros, já que os EUA não contribuirão, ou transformá-la na COP das Florestas, de importância global, mas interesse direto de poucos países.
Porém essa pode ser uma COP de sucesso caso consigamos que a maioria dos países apresente metas ambiciosas de redução das emissões até o final de 2025 e se comprometam a acelerar esforços no sentido de alcançá-las. Mas para ter êxito nessa mediação o país precisaria colocar-se em posição mais neutra em relação aos fósseis.
Sem entrar no mérito da polêmica sobre o petróleo na foz do Amazonas, porque não despolitizar a discussão e deixá-la para 2026? Afinal, o petróleo continuará lá, adiar em um ano a decisão não terá qualquer consequência econômica de curto prazo e cacifará mais o país para liderar com êxito a COP30.
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