Machado de Assis, ou o "bruxo do cosme velho", como ficou apelidado após queimar cartas em um caldeirão na Rua Cosme Velho, é considerado um dos maiores escritores da literatura brasileira e mundial.
Recentemente, após a influencer estadunidense Courtney Henning Novak viralizar nas redes sociais alegando que Memórias Póstumas de Brás Cubas seria o "melhor livro já escrito", a obra do "defunto autor" mais uma vez ganhou reconhecimento internacional e têm incitado leitores a conhecerem o literato.
Nesse sentido, o Clube decidiu se aprofundar no assunto, responder a algumas perguntas frequentes e indicar obras essenciais.
Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881.
"Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria."
No trecho, temos uma pequena amostra da conclusão apresentada no livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas", que se tornou um marco do Realismo e da literatura, representando a visão crítica do eu-lírico e do autor, em consonância com a sociedade apresentada na obra.
Quem foi Machado de Assis?
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839 e faleceu na mesma cidade em 29 de setembro de 1908. Atuou como jornalista, cronista, contista, romancista e poeta.
Sendo neto de escravizados alforriados e filho de uma imigrante portuguesa com um pintor de paredes, teve sua obra muito marcada por críticas à sociedade brasileira da época e à escravidão, sob um olhar que compreende o processo ascensão social pelo qual passou, ao mesmo tempo que é altamente irônico e inovador.
Vale lembrar que houve um processo de apagamento da racialidade do autor nos últimos anos, uma vez que mesmo na sua certidão de óbito foi declarado como "branco". Entretanto, não se engane: Machado de Assis, um dos maiores escritores brasileiros (se não o maior) era negro, e visto como negro por seus conterrâneos.
7 obras recomendadas para conhecer o autor
Memórias póstumas de Brás Cubas
O livro que tem dado o que falar há mais de 100 anos. Já em sua primeira frase, "Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas", Machado de Assis choca e atrai o leitor invertendo o padrão de como era feita a literatura na época.
Não só por fugir completamente de uma ordem estipulada de "início, meio e fim" seguida até o momento, ao começar logo pelo final (ou pela morte), mas também por ter, ao longo de todo o seu livro e ilustrada por seus trechos mais emblemáticos, uma escrita realista, crua, crítica da sociedade e também irreverente, debochada e bem humorada.