Presidenta da Sociedade Brasileira de Bioética, pós-doutora em Saúde Coletiva, doutora em Bioética

A festa do Brasil que produz saber científico

Pensar a ciência de modo alargado é pensar na inclusão dos mais vulneráveis que precisam ter acesso ao ensino de qualidade para que possam sonhar com um futuro e colocar seu potencial a serviço da sociedade.

Publicado em 13/08/2024 às 01h40

Depois de 14 anos sem que tivéssemos a oportunidade de nos reunir em um espaço democrático e amplo da dimensão e grandeza de uma conferência organizada nacionalmente, para o debate acerca do desenvolvimento científico no Brasil e das políticas públicas de ciência tecnologia e inovação a serem implementadas, tivemos a oportunidade de participar, em Brasília, da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Foi a festa e a celebração da ciência. A esperança de que novos tempos se avizinham e estamos, de novo, na construção do futuro.

A conferência reuniu centenas de representantes de órgãos estatais, da iniciativa privada, das instituições de ensino e pesquisa, da sociedade civil e de pesquisadores de instituições públicas e privadas. Ou seja, o Brasil que pesquisa, que produz saber científico relevante e que se responsabiliza pelo fomento da pesquisa se reuniu para pensar um plano nacional comprometido com a ciência, com a tecnologia e com a inovação, para a construção de uma nação “justa, sustentável e desenvolvida”.

O Espírito Santo esteve presente e mostrou a importância do investimento que vem sendo feito pelo governo do Estado para que estejamos na vanguarda do desenvolvimento. Representantes de várias instituições de ensino e pesquisa participaram da conferência e levaram sua contribuição para o debate e formulação da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação a ser implementada no Brasil.

A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) e a Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapes) estiveram presentes, com suas representações técnicas, com participação ativa nos debates e nas articulações políticas. A busca por recursos a serem investidos no Estado estava na pauta dos gestores estaduais de Ciência e Tecnologia.

O interesse em conhecer as experiências exitosas vivenciadas em outros Estados que possam ser aplicadas no Espírito Santo, ou até mesmo compartilhadas em projetos multicêntricos, permitiu aproximações com resultados com alto potencial de eficácia.

Na realidade, a participação do Espírito Santo foi para além dos qualificadores normais nesse tipo de evento. Nossos técnicos, pesquisadores e gestores não apenas participaram do debate com suas contribuições e ideias para compor o plano nacional de ciência, tecnologia e inovação, mas ofereceram um produto robusto de suas reflexões registradas em uma obra coletiva com quase 800 páginas, 26 capítulos escritos a muitas mãos, entre elas os maiores e mais destacados pesquisadores do Espírito Santo, alguns com reconhecimento nacional e internacional em suas áreas de atuação.

A obra tem apresentação do governador Renato Casagrande, prefácio da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos e Prólogo do Secretário Estadual de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional, Bruno Lamas. São 61 autores, que transformaram suas participações na Etapa Estadual da 5ª Conferência Nacional e CT&I.

Com essa obra, o Espírito Santo contribuiu com aquilo que sabe fazer de melhor. Ofereceu à comunidade científica nacional o resultado das pesquisas e dos debates travados no âmbito de um evento aberto a toda a sociedade capixaba.

Escolhido para sediar a Etapa Regional da 5ª Conferência, o Estado, por meio da SECTI, esteve à frente dos grandes debates preparatórios para a Conferência Nacional da qual serão originadas as mais importantes propostas que irão compor o Plano Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.

O país que queremos, e que estamos construindo, depende, fundamentalmente, do comprometimento do Estado com o fomento da ciência, da tecnologia e da inovação. Importante registrar, entretanto, que esse tipo de investimento não pode estar restrito ao fomento à pesquisa científica. Desenvolvimento requer investimento em formação desde o ensino fundamental até o topo da formação de educadores e pesquisadores.

Pensar a ciência de modo alargado é pensar na inclusão dos mais vulneráveis que precisam ter acesso ao ensino de qualidade para que possam sonhar com um futuro e colocar seu potencial a serviço da sociedade.

O Estado tem investido recursos próprios no fomento à ciência, mas a iniciativa privada precisa também se responsabilizar por esse tipo de incentivo. O Estado define as estratégias a partir das escutas que promove, mas os atores públicos, privados e da sociedade civil, envolvidos nesse tipo de compromisso, precisam estar abertos ao diálogo, com escuta qualificada, pensando que o desenvolvimento social e econômico não ocorrerá isoladamente.

Pesquisa, estudo
Pesquisa científica. Crédito: Pixabay

Experiências exitosas, criativas e inovadoras, como o Programa de Aceleração de Startups no Espírito Santo (SEEDES), precisam ser divulgadas e capilarizadas. Jovens com alto potencial criativo, ao receberem apoio financeiro, tecnológico e logístico, poderão acelerar o desenvolvimento do Estado de forma a atender nossas expectativas de sermos um Espírito Santo do tamanho qualitativo que sonhamos.

Na área da saúde, experiências dessa natureza poderão revolucionar a atenção à saúde, amenizando a dependência e abrindo novos caminhos para a universalidade, igualdade e integralidade que tanto sonhamos e que a Constituição da República nos prometeu.

Encontrar os pontos de interseção, construir as pontes necessárias à tecitura do futuro, requer respeito aos papéis desempenhados por cada um dos atores envolvidos. O interesse público voltado à edificação Espírito Santo justo, sustentável e desenvolvido requer visão estratégica acerca de quais são as demandas do Estado e como elas deverão ser enfrentadas, mas requer, sobretudo, atuação ética que priorize as pessoas, suas vidas, sua saúde e seu bem-estar.

Um Estado desenvolvido e inovador requer instituições respeitosas dos Direitos Fundamentais, entre eles o Direito à Educação de qualidade, com oportunidade para todos e todas.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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