A campanha de vacinação no Brasil vai ganhando novos contornos. À medida que passamos a conhecer melhor a Covid-19 e a evolução do vírus, surge a necessidade de readequar a imunização, seja por mudanças na vacina ou por doses de reforço.
A dose de reforço consiste na aplicação de mais uma dose de determinada vacina, com o objetivo de restabelecer a quantidade ideal de anticorpos que eventualmente tenha se reduzido, tanto pelo passar do tempo quanto pelo surgimento de novas variantes, que escapem das vacinas. No segundo exemplo, o reforço deve ser feito com vacinas remodeladas, como acontece anualmente com a vacina contra a gripe.
Estudos feitos por pesquisadores estadunidenses demonstraram que a imunidade adquirida contra a Covid-19 diminui com o tempo e que uma dose de reforço deve ser dada 8 meses após a aplicação da segunda dose, no Brasil essa dose de reforço para todos ainda não foi definida.
No caso da Covid-19, há ainda a recomendação da terceira dose, que em tese, não se baseia em perda de imunidade, mas na necessidade de prevenir eventuais falhas nas respostas às doses iniciais da vacina, como pode acontecer em pessoas com doenças imunossupressoras ou como acontece com idosos.
Nesse sentido, o governo brasileiro orientou uma terceira dose ou dose adicional a pessoas com doenças que comprometem ou diminuem a resposta do sistema imunológico, como pessoas em tratamento contra o câncer, transplantados de órgão, entre outras doenças, e aqueles em uso de altas doses de medicamentos imunossupressores. Essa dose adicional deve ser administrada 28 dias após a segunda dose.
Além disso, pesquisadores da Fiocruz apresentaram ao governo brasileiro um estudo de efetividade das vacinas AstraZeneca/Fiocruz e a CoronaVac em 75.919.840 pessoas vacinadas no Brasil entre 18 de janeiro e 24 de julho. Os resultados demostram que após esquema completo de vacinação (duas doses da vacina) os que receberam a AstraZeneca/Fiocruz tiveram uma proteção de 72,9% contra infecção, 88% contra de hospitalização, 89,1% contra internação em UTI e 90,2% contra óbito. As pessoas com o esquema vacinal completo pela CoronaVac tiveram um risco de infecção 52,7% menor; 72,8% menor de hospitalização, 73,8% menor de ir para a UTI, e 73,7% menor de morrer.
No entanto, em idoso, a proteção contra o óbito diminui significativamente nas duas vacinas e em pessoas com 90 anos, por exemplo, a proteção chega a 65% no caso da AstraZeneca/Fiocruz e 33% no caso da CoronaVac, o que coloca essa população em risco de óbito pela doença.
Esses resultados levaram o Ministério da Saúde a definir que uma dose adicional também deverá ser feita 6 meses depois da segunda dose em todos os maiores de 70 anos. Essas vacinas serão liberadas pelo Ministério da Saúde a partir do dia 15 de setembro. Portanto, é fundamental, que todos que preencham esses critérios possam receber a dose adicional a partir dessa data para seguirem com maior proteção contra a Covid-19.
A pandemia segue exigindo muito de nós. Um ano e meio depois, e apesar da queda nos indicadores, a preocupação com novas variantes é enorme, em especial quanto à variante Delta, por sua capacidade de diminuir a proteção contra o adoecimento e óbito, principalmente na população vacinada com apenas uma dose, e naqueles não vacinados, que infelizmente, somam a maioria hoje no Brasil.
Dados do Reino Unido demostram que não vacinados infectados pela Delta têm o dobro de chance de serem internados, em comparação àqueles infectados pela variante Alfa. Nesta semana, Israel, em virtude da variante Delta, indicou a dose de reforço para todas as pessoas seis meses após a segunda dose.
Neste momento, sei que essas letras do alfabeto grego, que já soam familiares, nos trazem incertezas, mas precisamos nos lembrar que o fim da pandemia com a vacinação em massa parece, agora, muito mais próximo do que o era um ano atrás. E essa é uma ótima notícia!
Como dito e reafirmado pela ciência, sairemos dessa pandemia salvos pela vacinação. Quando tivermos mais de 80% da população brasileira imunizada com as duas doses - e sim esse limiar de cobertura muda dependendo de variantes mais transmissíveis - a situação vai, finalmente, melhorar.
Certamente, a Covid-19 se tornará uma doença endêmica e nós precisaremos nos vacinar com alguma regularidade, que ainda não sabemos com certeza qual será. Mas tão logo as pesquisas vão sendo divulgadas, as análises dos dados de infecção, adoecimento, morte e tempo de proteção das vacinas vão nos dando novos elementos para remodelar nosso programa de vacinação. Mas agora já temos os meios para vencer a pandemia.
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Porém, até que a pandemia esteja controlada, precisamos seguir com os protocolos, ampliar a testagem, usar máscara e procurar ficar em ambientes arejados. A pandemia ainda não acabou, mas estamos mais pertos do fim do que estávamos há um ano. Agora que cada um faça a sua parte, vacine-se quando puder e continue seguindo as medidas de prevenção. Assim como outras pandemias no passado, não custa lembrar: essa também passará!
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