O futebol brasileiro segue sofrendo com os reflexos provocados pela pandemia de Covid-19. Após a paralisação das atividades, retorno com a ausência de público e consequentemente dificuldades na saúde financeira, os clubes agora sofrem com o alto número de atletas lesionados. Os quase quatro meses sem treinos e a retomada das competições em um calendário muito apertado cobram muito caro dos atletas, e todos os clubes acabam prejudicados nas competições.
De acordo com levantamento realizado pelo Esporte Espetacular, os 20 clubes que disputam o Brasileirão registraram 141 lesões em seus atletas até o mês de março. Nesses dois últimos meses, com o retorno dos campeonatos nacionais, esse número já subiu para 390 lesões, em dados catalogados até o dia 08 de outubro.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ainda não tem os dados consolidados, mas já espera que 2020 seja um ano recorde de contusões pelo menos nos últimos cinco anos. A desgastante sequência de jogos duas vezes na semana faz com que os atletas acumulem fadiga e fiquem mais propensos às lesões. Nas equipes envolvidas em mais competições, como Flamengo, Athletico-PR, Palmeiras, Grêmio e outras que participam de até três campeonatos, a situação é ainda mais delicada.
“Todo atleta precisa de um tempo de recuperação. A atividade de alto nível exige quase o limite do corpo. É preciso um preparo adequado para as atividades e de uma recuperação prévia até a próxima. Quando não há esse tempo de recuperação, o corpo chega ao limite, não recupera os nutrientes e fica propenso à lesão”, explica o fisioterapeuta do Rio Branco Robert Muglia.
As lesões mais recorrentes acontecem nos tornozelos, joelhos e principalmente nas coxas, onde estão músculos fundamentais para o desempenho de um jogador de futebol. “Maior índice de lesão envolve a coxa, nos músculos anterior e posterior. Posterior por causa da corrida, e anterior no movimento de chute. Temos conversado com os atletas e estamos avaliando a performance de cada um para perceber uma possível sobrecarga, entender quando é preciso segurar um pouco e tentar prevenir essas lesões”, explicou o fisioterapeuta que já trabalha com o elenco do Rio Branco, que entrará em campo no Capixabão no dia 25 de novembro.
PREVENÇÃO E PLANEJAMENTO
O fato dos atletas terem ficado muito tempo longe das atividades de alto rendimento também é um fator determinante para o alto número de contusões. Por mais que muitos tenham mantido o mínimo de exercícios em casa no período mais severo de isolamento, essa carga não se aproxima do necessário para o condicionamento ideal de um atleta.
“Nenhum treinamento que um jogador faça em casa alcança a exigência mínima para um atleta de alto rendimento. No trabalho no clube temos situações de jogo, carga específica para cada posição. Existe um padrão de treinamento elevado para cada atleta. E ter que ficar parado tanto tempo influencia muito”, pontuou Thiago Campanha, preparador físico do Rio Branco.
E não há como reparar o dano porque os clubes vão continuar competindo à exaustão. Caberá a cada time o desafio de conseguir dosar seu elenco para reduzir as perdas por lesão e trabalhar com um planejamento estratégico em conjunto entre departamento médico e preparadores físicos. “O planejamento precisa ser bem feito, gradativo. A exigência de carga deve ser gradativa, sem pressa e com avaliações constantes. O período curto de tempo é uma dificuldade. Mas é necessário alinhar musculação e fisioterapia para a prevenção de lesão”, ressaltou Thiago Campanha.
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