Disputar uma edição de Olimpíadas significa estar no seleto grupo dos melhores atletas do mundo. Um momento único para qualquer competidor. Agora imagine estar qualificado para a disputa e ser atingido por um vírus responsável por uma pandemia mundial, ter sua saúde prejudicada e ver o sonho ser tomado por uma nuvem de incertezas. Essa foi a realidade do jogador de vôlei de praia Bruno Schmidt, que foi acometido pela Covid-19 em fevereiro, ficou internado, sendo alguns dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), e conseguiu dar a volta por cima e retomar atuações em alto nível nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Pouco antes do início das oitavas de final do vôlei de praia no Japão, o atleta que realizou todo o seu tratamento no Espírito Santo lembrou dos dias difíceis que viveu e como foi a luta para retomar a forma física.
"Quando eu saí da UTI, nem eu sabia se voltaria a jogar. Sabia ter quatro meses para estar no meu melhor, e não sabia se chegaria a minha melhor condição. Depois de um mês e meio só fazendo fisioterapia respiratória ainda estava sem condição física nenhuma. Podia ter me entregado, dizer que fui pego pela doença e não teria condições de um cara de 1,80 m, 34 anos, sair de uma UTI pesando 80 kg e chegar aqui competitivo com atletas que estão voando. E que bom que encarei essa. Mas são esses momentos que fazem valer a vida. São esses momentos que vou contar para os meus netos lá na frente, o que eu fiz, o que passei e olha aí: Jogos Olímpicos”.
Em abril, quando Bruno retornou às quadras ao lado de Evandro no Cancún Hub, que trouxe três etapas do Circuito Mundial de Vôlei de praia, o alerta foi ligado para o capixaba e seu parceiro, que decidiram recolher a dupla da competição, após uma atuação bem abaixo do esperado. Daquele momento em diante todos os esforços se voltaram para as Olimpíadas.
Bruno Schmidt
Jogador de vôlei de praia
"Olha, eu passei o pior momento da minha vida no final de fevereiro e março. Risco de morte. A Covid não escolhe ninguém e eu fui exemplo disso. De repente foram marcadas três etapas no México. O Evandro é um atleta profissional, quer jogar, quer jogar com o time dele, e eu fui encarar essa no México. E chegando lá obviamente não poderia ser diferente, ninguém é super-homem. Ninguém sai de uma situação de acamado para jogar um torneio de vôlei de praia. Eu cheguei para equipe e falei: ‘Eu preciso dar dois ou três passos para trás para chegar nos Jogos Olímpicos competitivo. Se a gente não se recolher, a gente não vai jogar da maneira que a gente quer lá, e lá é o que importa"
Evandro e Bruno Schmidt venceram a dupla polonesa e avançaram para as oitavas
A partir dali, o processo de evolução de Bruno foi lento, e Evandro precisou esperar a recuperação de seu companheiro. “A gente sentou e conversou sobre o que poderíamos fazer. Eu tive a paciência de esperar o Bruno voltar. Nos unimos. Ele falou, me espera, vamos embora vamos juntos. Então eu decidi esperar. Tive o chá de espera, realmente, entendo que sair de uma condição de Covid para voltar a jogar requer tempo. E hoje, um lance de cada vez a gente vai adquirindo nossas vitórias”, contou Evandro.
Visivelmente emocionado, Bruno agora comemorou o momento da dupla, que venceu os três jogos da primeira fase. “Não foi fácil. Tem muita coisa para correr ainda, mas deu certo. A escolha foi acertada. Que bom que eu tô chegando com mais condições aqui. Estou muito feliz de ter tido coragem e as pessoas certas ao meu lado que me deram a mão para eu fazer a caminhada mais difícil da minha vida.”
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Bruno e Evando entram em quadra na madrugada desta segunda-feira (01), quando enfrentam Plavins e Tocs pelas oitavas de final do torneio de vôlei de praia dos Jogos Olímpicos de Tóquio.
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