O futebol possui vários ciclos que se repetem. Um deles é a caça às bruxas que começa sempre após um resultado decepcionante. Quarto colocado no Mundial de Clubes e agora dono da pior campanha de um time campeão da Libertadores na competição, o Palmeiras está no centro de uma discussão: por que os times brasileiros têm cada vez mais dificuldades na busca do maior título oferecido pela Fifa?
Um dos motivos levantados por vários comentaristas pelo país e queixa constante dos técnicos, o calendário surge como um dos possíveis culpados. Entretanto, antes de entramos nesse mérito, vamos deixar claro aqui que o principal motivo é “bola”. O Palmeiras perdeu para o Tigres-MEX na semifinal do Mundial porque foi pior que o rival, que estava melhor preparado para o duelo. Já o revés para o Al Ahly aconteceu por incompetência. Resultados que falam muito alto sobre o momento do futebol brasileiro.
Agora sim, de volta ao tema principal desta coluna. Não há como descartar que a programação inchada do futebol nacional é um grave problema. O Palmeiras vai disputar todas as partidas possíveis nesta temporada 2020/2021. Foi campeão do Campeonato Paulista, campeão da Libertadores, está na final da Copa do Brasil, disputou dois jogos no Mundial e o Campeonato Brasileiro. Serão 81 jogos ao todo, o que é desumano.
Antes mesmo do Mundial, o técnico Abel Ferreira já tinha alertado para o problema. "Em dezembro, fizemos nove jogos. Em janeiro, 10 jogos. Em fevereiro, teremos cinco jogos em 11 dias. É coisa de loucos. Cada vez que jogo e chego ao final da partida sem jogadores lesionados para mim é uma vitória", afirmou no início deste mês.
81 jogos na temporada
Palmeiras vai disputar todas as partidas possíveis do calendário
Quando estava à frente do Flamengo e foi derrotado pelo Liverpool na final do Mundial de 2019, mesmo ao ver seu time ter um bom desempenho contra um rival poderoso, Jorge Jesus também reclamou sobre a maratona de jogos. “Conseguimos controlar ao máximo aquela equipe do Liverpool, sabendo que uma equipe tinha 80 jogos e a outra tinha 27. Se nós tivéssemos 27 e eles 80, seríamos nós os campeões do mundo. Pesou na prorrogação, como é óbvio”, declarou à época.
As ponderações são justas, visto que a maratona tem sua largada no início da temporada nos campeonatos estaduais. São dezenas de jogos desinteressantes até às partidas decisivas. Algo que já passou da hora de ser revisto, mas as principais federações fecham os olhos para essa realidade já que um enxugamento destas competições comprometeria a arrecadação.
Se antes a discussão sempre ficou na comparação com o calendário europeu, que começa geralmente em agosto, o que proporciona aos times chegarem no Mundial no meio da temporada e notadamente com um desempenho físico melhor que os esgotados brasileiros após um ano intenso, agora a pandemia precisa entrar nesta equação. Foram cinco meses de paralisação no futebol nacional em 2020, o que resultou em um calendário ainda mais espremido para conseguir cumprir todas as suas atividades.
A temporada 2020 invadiu 2021. A CBF já afirmou que o calendário 2021 será encerrado em dezembro do mesmo, mas que em 2022, todas as competições serão obrigatoriamente disputadas até o mês de outubro, já que a Copa do Mundo será iniciada em novembro. Ou seja, o horizonte mostra que não haverá adequação no calendário, e ele vai continuar a ser um problema.
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Diante desta cruel realidade caberá aos clubes se organizarem. Se por enquanto não podem se igualar no calendário europeu, terão que se adequar na formação de elencos capazes de se revezar nas competições. Um time principal para os jogos mais importantes, e um alternativo que dê conta do recado em duelos menores. Essa é a única saída para uma questão que, infelizmente, não será resolvida pela CBF tão cedo. Talvez só em 2023.
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