Entre a última sexta-feira (07) e a noite de terça-feira (11), os clubes que disputam as séries A, B e C do Campeonato Brasileiro, competições iniciadas no último fim de semana, registraram 47 casos de Covid-19 entre jogadores e outros profissionais envolvidos no futebol. Os registros de atletas infectados pelo novo coronavírus foram feitos por cinco times: CSA-AL (18 jogadores), Imperatriz-MA (12 jogadores), Goiás (10 jogadores), Atlético-GO (4 jogadores) e Corinthians (2 jogadores e um colaborador).
Com apenas uma rodada disputada nos campeonatos, esse número é um alerta importante. São atletas e outros profissionais que ficam em trânsito por aeroportos e hotéis pelo país, e consequentemente estão mais expostos ao vírus. Em um curto espaço de tempo a quantidade de casos já é significativa. O risco é real, e todos os envolvidos estão cientes disso.
No final do mês de junho, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Comissão Nacional de Clubes (CNC), que contou com representantes dos 40 clubes envolvidos nas duas principais divisões do futebol nacional, definiram as datas que as séries A e B seriam iniciadas. A data de início da Série C foi anunciada logo no início de julho, após entendimento da CBF com os clubes. Ou seja, todos concordaram.
Entretanto, o pipocar no número de casos já provoca preocupação nos clubes e também na entidade máxima do futebol brasileiro. Revisitar e promover mudanças nos protocolos de testes de Covid-19, com o Campeonato Brasileiro em andamento, é um atestado que a CBF não deixou tudo planejado como deveria.
Só agora a entidade compreendeu que mesmo que auxilie as equipes com a testagem, o país possui realidades diferentes. Nem todos os times terão acesso aos testes do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, com a agilidade que o contexto pede. Por isso, a CBF abriu o leque para laboratórios locais atenderem as equipes. Outra alteração importante é que a obrigatoriedade dos testes de Covid-19 para todos os jogadores inscritos no Campeonato Brasileiro passa a valer só agora a partir da segunda rodada. Beira o inacreditável isso já não estar estabelecido desde o início. Falha gravíssima.
Um fator importante nessa equação é a política de cada clube com relação às medidas de isolamento no período entre os jogos. Nem todos os clubes seguem as mesmas regras. Uns priorizam a concentração, outros liberam após as partidas. Há ainda aqueles que não possuem nem condições para manter os jogadores em algum lugar com mais privacidade.
No papel os protocolos são precisos, na prática, a realidade é outra. A opção de ter bola rolando em um momento de vulnerabilidade, já que a pandemia ainda não foi completamente controlada, cobra responsabilidade de todas as partes. O interesse financeiro em torno dos jogos não pode justificar um vale-tudo que coloca vidas em risco.
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