O futebol capixaba já viveu grandes momentos ao longo de sua rica história. Entretanto, a cada ano que assistimos os times locais sofrendo na última divisão do Campeonato Brasileiro, sendo eliminados nas primeiras rodadas da Copa do Brasil e tentando sonhar apenas com o título da Copa Verde no cenário nacional, sabemos que os dias de glória se mantém vivos na memória e distantes de um futuro breve.
Nos últimos anos tivemos alguns vislumbres que as coisas poderiam mudar, é verdade. Vale citar a final do Capixabão 2015 disputada por Rio Branco e Desportiva com público de mais de 12 mil pessoas em um Kleber Andrade que ainda tinha um certo ar de novidade (mesmo já recebendo poucos jogos em 2014), o próprio Capa-Preta flertando com o acesso à Série C do Brasileiro do mesmo ano, o Espírito Santo que tinha condições de subir em 2017, o Atlético Itapemirim vice-campeão da Copa Verde em 2018 e etc... Em todas essas situações o futebol capixaba bateu na trave e acabou voltando para suas competições locais com baixo público e futebol de nível abaixo do esperado.
Em meio a desesperança do futebol local, o Kleber Andrade vem funcionando nos últimos anos como um oásis em meio ao deserto. Recebendo grandes jogos de competições nacionais e internacionais, provocando interesse de público e movimentando muito dinheiro. O grande evento do momento é a Copa do Mundo Sub-17, que começa no dia 26 deste mês, mas que estreará na principal praça esportiva do Estado no dia 27 (domingo). O Klebão receberá 16 partidas da competição e viu seu desenvolvimento ser acelerado por conta disso: placar eletrônico, banco de reservas modificado, grama sintética ao redor do gramado e uma série de reparos para abrigar a competição Fifa.
Mas vamos ao que interessa. Como tudo isso pode impulsionar o crescimento do futebol local? Como os times podem aproveitar o momento para aprender algo e começar a sonhar com dias melhores? Vice-presidente da CBF e dono de uma história que divide opiniões no futebol capixaba, por conta do período entre 1994 e 2015, quando esteve à frente da Federação de Futebol do Espírito Santo (FES), Marcus Vicente acredita que o bom ambiente proporcionado pela Copa do Mundo Sub-17 pode acrescentar aos clubes.
"O clima do Mundial Sub-17 atrai investidor. O palco, a televisão com a transmissão em canal fechado, transmissão em outras plataformas... Tudo isso contribui para que o patrocinador possa vir, para que os bons dirigentes possam assumir os clubes. Eu acho que também pode influenciar a questão de gestão. O Espírito Santo vai mostrar que tem capacidade também no futebol local, de gerir bem o seu futebol. O ambiente está sendo muito positivo. É uma construção que está sendo feita e o Gustavo (vieira, presidente da FES) vem conduzindo muito bem isso", declarou o vice-presidente da CBF.
Os investimentos e os esforços para o Mundial Sub-17 são notórios, o discurso afinado também. O governador Renato Casagrande (PSB) e o secretário de esporte Júnior Abreu não perdem uma chance de afirmar que mais importante que receber bem o evento internacional, é deixar um legado para o esporte local. É claro que isso é uma verdade. Mas o capixaba merece muito mais que um palco bonito para forasteiros atuarem. Onde estão nossos atores? Também é preciso ser justo e entender que isso não é responsabilidade do governo. Pode ajudar, não tomar para si a responsabilidade.
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Em seu discurso, Marcus Vicente toca em uma ferida aberta que precisa de cura no futebol capixaba: gestão. É preciso profissionalismo para alcançar a evolução, caso contrário continuaremos a viver de lampejos. No mais, a Copa do Mundo tem tudo para ser um sucesso. Vamos ficar de olho no que virá depois.
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