A pandemia do novo coronavírus já provoca impacto na economia mundial. O isolamento, medida preventiva necessária para a redução da disseminação do Covid-19, faz com que o dinheiro não circule em seu tráfego normal e dificulte a vida de empregadores e empregados. Consequentemente a manutenção de emprego e renda já se tornou um desafio para diversos setores. No futebol não é diferente. Seja nos grandes clubes da Europa ou em times com menor poder de investimento e que disputam as divisões inferiores do futebol brasileiro, o assunto é o mesmo: como minimizar as perdas neste momento difícil.
O corte ou redução salarial é a tendência mundial. Na Espanha, que possui um dos campeonatos nacionais mais rentáveis do mundo, La Liga já informou que espera um prejuízo de pelo menos 678 milhões de euros. Reflexo disso é que os principais times já anunciaram medidas drásticas. O Barcelona, por exemplo, vai cortar 70% do salário dos seus jogadores para tentar manter em dia os rendimentos de seus funcionários. Medida que deve ser tomada por outros grande clubes europeus.
Só que esta é uma realidade limitada a um determinado círculo de jogadores. É um dinheiro que não entrará na conta por um período, mas não vai provocar grandes prejuízos, como disse o jogador argentino Carlitos Tevez, que hoje atua no Boca Juniors, mas que acumulou salários estratosféricos na Europa e na China. “Qualquer jogador pode viver seis meses ou um ano sem cobrar, ou com salário mínimo. Não se pode comparar com gente que vive a cada dia que tem que sair às 6 horas da manhã e voltar às 19 horas da noite para comer no outro dia”, afirmou Tevez à uma TV argentina, é claro observando a realidade de jogadores que recebem salários muito acima da média do que outras profissões.
Mas como fica essa situação no Brasil? Onde 55% dos quase 12 mil jogadores profissionais registrados na CBF recebem aproximadamente R$ 1 mil, 33% vivem com uma renda entra R$ 1.001 a R$ 5.000. E o restante acumula salários mais altos, sendo que menos de 1% têm na carteira de trabalho salários acima de R$ 500 mil. Conforme apontou o estudo “Impacto do futebol brasileiro”, pesquisa mais recente realizada pela consultoria Ernst Young para a CBF, que toma como base os valores referentes à 2018.
No Brasil, uma pequena quantidade de jogadores pode ostentar grandes salários. Mais precisamente, dos 12% que ganham acima de R$ 5 mil, menos de 1% alcança uma salário superior a R$ 500 mil. Mas a glamourização do esporte é tanta que mascara a realidade muito mais dura que é vivida pela maioria dos atletas. Na última semana, times que vão disputar as Séries C e D do Campeonato Brasileiro já pediram socorro à CBF. Clubes chegaram a pedir quantias em dinheiro e jogadores clamam pela permanência de um calendário que permita que eles possam manter seus empregos e salários até o fim do ano.
Se de um lado enxergamos Flamengo, Palmeiras e outros times que estão estruturados para manter suas contas em dia é preciso saber que é um privilégio de poucos. O próprio São Paulo, time de Série A, já se prepara para um redução de 50% no salários de seus jogadores. Agora imagine a realidade das equipes que disputam Séries C e D do Campeonato Brasileiro, e ainda daqueles que nem estão nas competições nacionais. Com a bola parada, essas equipes perdem fontes de renda e dificilmente vão conseguir sustentar seus elencos por muito tempo.
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O cenário se mostra cruel para os jogadores de times “pequenos”, e eles são a maioria da categoria. Quem vai pagar essa conta caso o isolamento social tenha que se prolongar pelos próximos meses? É torcer para que tudo isso passe o mais rápido possível.
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