A grande final da Libertadores se aproxima. Flamengo e River Plate se enfrentam no Estádio Monumental, em Lima, no Peru, no próximo sábado às 17h. A cada dia que passa aumenta a ansiedade do torcedor rubro-negro para a grande decisão. Há 38 anos, o Fla conquistou seu único título da competição continental. Desde então, formou-se uma geração de flamenguistas que nunca viram o time levantar esta taça, mas que neste ano acompanham uma equipe que já provou ter potencial para soltar o grito de campeão após os últimos 90 minutos da competição.
Para compreender melhor esse momento e o que ele significa para quem possui o coração rubro-negro nada melhor do que conversar com quem entende do assunto e estava em campo com a camisa do Flamengo no dia 23 de novembro de 1981, quando o time carioca derrotou o Cobreloa por 2 a 0 e conquistou a América. A coluna conversou com ninguém menos que Leovegildo Lins da Gama Júnior, ou simplesmente Júnior, ídolo de uma nação e que viveu os tempos de ouro do Flamengo.
Hoje comentarista da TV Globo e com a experiência de quem acompanha o Flamengo de perto, Júnior vê semelhanças do time atual com a equipe campeã da Libertadores em 1981. Dentre outros assuntos, o Maestro falou sobre os pontos fortes do elenco rubro-negro, do perigo que é o River Plate representa e muito mais. Confira a entrevista!
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Todos acompanharam uma mobilização muito grande dos torcedores antes do embarque do clube para Lima, palco da grande final da Libertadores. O que isso representa para o clube? E qual é o tamanho desta decisão para o Flamengo?
Depois de 38 anos, o Flamengo vai ter uma oportunidade realmente única. Não somente pelo fato de estar disputando uma final de Libertadores, mas também pelas apresentações do time nesses últimos cinco meses sob o comando do Jorge Jesus. Isso fez o torcedor do Flamengo se encantar novamente e naturalmente isso tem repercutido. Repercutiu muito na saída do ônibus desde o Ninho do Urubu até o aeroporto. É o reflexo daquilo que a equipe vem produzindo.
O Flamengo chega à decisão em grande fase. O bom momento joga o favoritismo para o time rubro-negro?
Os torcedores podem pensar em um Flamengo favorito. Mas acho que a comissão técnica e os jogadores não vão estar pensando assim. Esse favoritismo não existe. Até mesmo porque do outro lado tem uma equipe que está chegando a terceira vez à final da Libertadores. O técnico Marcelo Galhardo é um treinador de ponta. Acredito, inclusive, que em pouco tempo ele deve ir treinar um grande clube europeu. Além da qualidade dos jogadores: De La Cruz, Enzo Perez...são todos jogadores experientes e com uma capacidade muito grande. Haja vista a partida do River Plate quando ganhou do Boca em casa. E também depois quando perdeu na Bombonera, foi realmente uma prova de fogo pra eles. O jogo é 50% pra cada lado. Mas quero dizer que se o Flamengo repetir as grandes atuações que teve não somente pela Libertadores, como o primeiro tempo do jogo contra o Grêmio lá em Porto Alegre, eu acho que as possibilidades realmente crescem para que o Flamengo possa ganhar o título.
Quando a gente analisa o time do Flamengo é possível perceber que está tudo encaixado. Você acredita que algum ponto forte pode levar o Fla à vitória?
O ponto forte é exatamente o coletivo. Os três setores: defesa, meio-campo e ataque vem com boa produção. Quem esperava que o Gérson pudesse ter uma evolução tão grande, pudesse produzir tanto nesse meio-campo. E acompanhando ele, o próprio Arão. Era um jogador que a torcida já naõ queria ver como titular e tá aí um dos grandes destaques da equipe. O Everton Ribeiro subiu de produção com a chegada desses jogadores. Acho que o coletivo do Flamengo é o que sobressai. A gente diz que quando o coletivo funciona, as individualidades aparecem. É isso que acontece com essa equipe.
O responsável por essa força coletiva da equipe é o técnico Jorge Jesus. Como você avalia o trabalho dele à frente do Flamengo e esse estilo de jogo que sempre busca o gol?
Ele conseguiu embutir esse estilo na cabeça dos jogadores até com certa facilidade. Porque você tem Diego Alves, Rafinha, Filipe Luís, Gerson... jogadores que vieram do futebol europeu e que naturalmente para assimilar essa forma de jogar ficou mais fácil. E os outros jogadores, que já estavam aqui no Brasil, são atletas de qualidade. Bruno Henrique e Gabigol se encaixaram perfeitamente, se aplicaram taticamente. A gente vê uma aplicação muito grande por parte dos jogadores que jogam no ataque. O Flamengo joga de uma forma realmente muito intensa durante os 90 minutos e não se satisfaz com um ou dois gols, está sempre na busca de um placar maior.
Em uma de suas últimas entrevistas, o técnico Marcelo Gallardo afirmou que o River Plate está acostumado a jogar finais da Libertadores e isso pode ser uma vantagem do time argentino. Como deve estar o psicológico dos jogadores do Flamengo para esse jogo?
O time do Flamengo não é um time de jovem. São jogadores já bastante experimentados. O Filipe Luís jogou final de Liga dos Campeões, o Rafinha já disputou não sei quantas ligas... Acho que o lado emocional de alguns jogadores que têm pavio curto precisa ser trabalhado. Porque vai existir provocação. Isso faz parte do perfil dos jogadores argentinos, uruguaios, sul-americanos... Nós é que não temos esse perfil. Esses jogadores vão precisar realmente estar emocionalmente muito equilibrados para que o Flamengo não tenha uma perda de um jogador expulso em uma partida deste tamanho.
Júnior, você vê semelhanças entre o time do Flamengo de 1981 com a equipe atual?
Todos nós que fizemos parte daquele time (campeão em 1981) vemos isso. Esse time do Flamengo recuperou a identidade, o DNA, aquilo tudo que o torcedor gosta. Principalmente os jogadores. Todos eles absorveram essa forma de jogar, que fez o Flamengo chegar à final da Libertadores. Não tenha dúvidas. Têm muitas coisas parecidas entre o time de 1981 e esse time 2019. Eu acho que a única diferença na verdade é o grande Zico.
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