Definir culpados por uma derrota é algo cultural no futebol brasileiro, mesmo com o esporte sendo coletivo. Dificilmente um jogo passa sem ter um vilão. Não seria diferente na vitória do Fluminense por 2 a 0 sobre o Flamengo na noite desta quarta-feira (30), no jogo de ida da final do Campeonato Carioca.
Se o herói atende pelo nome de Germán Cano, atacante tricolor que marcou os gols que garantiram a vitória, o vilão responde por Léo Pereira, zagueiro do Flamengo que entrou na reta final do segundo tempo e cometeu duas falhas decisivas na partida. Mas será mesmo que foi só por isso que o Fluminense venceu?
Descartar o mérito do adversário que deixa o campo com a vitória é típico do mal-perdedor. Jogar a culpa pelo revés rubro-negro exclusivamente em Léo Pereira serve apenas para mascarar deficiências evidentes e que parecem não ser tratadas com a devida importância. É claro que Léo Pereira falhou. Mas não é o único motivo da derrota. Do outro lado do gramado estava um Fluminense que conquistou o resultado por seus méritos quando teve oportunidade, e sua solidez defensiva.
Em um primeiro tempo tecnicamente terrível e que mais se destacou pelas faltas e cartões, só o Flamengo finalizou. Foram cinco arremates ao gol, apenas um com o endereço das redes: uma cabeçada de David Luiz que parou em boa defesa de Fábio. No mais, faltou competência ao ataque rubro-negro, que, na primeira etapa, não soube transformar em gol o domínio e a maior posse de bola.
Se faltou competência ao time comandado por Paulo Sousa, há de se valorizar a boa atuação da defesa do Fluminense. Foi sólida o bastante para conter o ataque rubro-negro. Mérito tricolor.
No segundo tempo, em uma partida agora mais equilibrada, o Fluminense foi cirúrgico para matar o jogo. No primeiro gol, Léo Pereira se embola sozinho e perde a bola para Jhon Arias, que parte em velocidade e toca a bola para Cano. Mas foi um passe ruim. Felipe Luís chega primeiro na bola, mas não consegue cortar. O lateral chutou a bola nas pernas do argentino, que aproveitou a sobra para fazer o gol.
Já no gol que selou a vitória tricolor, Arão, no meio-campo, corta a jogada em direção ao seu campo de defesa de maneira displicente para um sonolento Léo Pereira, que não chega no lance e vê o Fluminense armar mais um contra-golpe em alta velocidade. No fim da jogada, Cano, que nada tinha a ver com a lambança rubro-negra, apenas empurrou para as redes.
Léo Pereira é um ponto importante na derrota do Flamengo. Mas o técnico Paulo Sousa até agora não conseguiu encontrar soluções todas às vezes que foi exigido nesta temporada. Muito discurso e pouca efetividade até o momento. Seu time tem posse de bola, domínio de jogo, mas não é agressivo. Já tinha mostrado isso outras vezes nesse ano, mas contra times mais fracos que o Fluminense conseguiu sair com a vitória. Dessa vez, assim como nos últimos três confrontos diretos, não conseguiu bater o Tricolor.
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A final ainda está aberta. O Flamengo tem time para reverter a desvantagem. A missão se tornou mais difícil, mas não impossível. Do lado do Flu agora cabe saber administrar a vantagem criada e não sentar no resultado.
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