Maior jogador de futebol de todos os tempos, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, completa 80 anos de vida nesta sexta-feira (23). Dono de inúmeros feitos memoráveis que o consagraram como o Rei do Futebol, o maior artilheiro da história do esporte, com 1.284 gols, deixou sua marca no Espírito Santo, na única vez que disputou uma partida no Estado.
Aquele 28 de julho de 1965 ficou marcado na memória de quem esteve em campo ou nas arquibancadas do Estádio Governador Bley, atual Campo do Ifes, no bairro Jucutuquara, em Vitória. O poderoso Santos de Pelé, Coutinho, Zito e companhia, após duas tentativas frustradas, enfim veio à Capital Capixaba para disputar um amistoso contra o Santo Antônio Futebol Clube.
Goleiro do time capixaba na partida, Adjalmo Teixeira, hoje com 94 anos, se lembra muito bem da expectativa para ficar frente a frente com o Rei. “Quando eu soube dessa notícia eu fiquei emocionado.Porque um time de Vitória, jogar contra o Santos de Pelé, um jogador famoso. Eu fiquei muito feliz”, relatou com o sorriso no rosto, sentado em uma cadeira de balanço em sua casa.
Quando a bola rolou, o único objetivo do Santo Antônio era não ser goleado pelo Peixe. Todos estavam cientes que a vitória era um sonho muito distante. O Santos abriu o placar aos 5 minutos com Coutinho. Valente, o alvirrubro capixaba empatou com gol de Ciro aos 27 minutos. Dez minutos depois, o Peixe fez 2 a 1, novamente com Coutinho, e deu números finais ao primeiro tempo.
Após 45 minutos e uma atuação apática, a torcida mostrou irritação com Pelé, que parecia não levar o amistoso muito a sério. “Pelé estava jogando, mas fazendo aquele jogo de compadre. Vamos dizer assim, passe pra lá, passe pra cá e tal... E a galera tava fazendo festa. Mas no segundo tempo começaram a pegar no pé dele e fazer piadas. Foi aí que ele fez o terceiro gol”, contou Adjalmo, que ainda se lembra bem do lance.
“O terceiro gol começou com uma jogada no meio-campo, que culminou em um cruzamento pelo lado direito. No passar da bola quando eu virei, ele veio de trás e fez o gol de cabeça lá no outro canto”, relatou o arqueiro sobre o gol que saiu aos 28 minutos do segundo tempo e decretou a vitória santista.
Bastou sair o gol para qualquer raiva passar. O jogo chegou ao fim e a torcida era só alegria. “Quando acabou o jogo foi aquela festa. Antigamente entrava todo mundo no campo né. Entraram para abraçá-lo, conversar e tudo mais”, disse Adjalmo, que terminou a partida com o sentimento de dever cumprido. “E assim foi essa visita do Pelé aqui e eu tive aquela honra de jogar contra ele. Graças a Deus me saí bem”.
PREJUÍZO FINANCEIRO PARA O SANTO ANTÔNIO
Entretanto, nem tudo foi festa com a passagem de Pelé no Espírito Santo. Ter o Rei em um jogo em terras capixabas era um desejo pessoal de Michel Sily, presidente do Santo Antônio Futebol Clube à época. Por isso o mandatário realizou um grande esforço para trazer o galático elenco santista para a exibição.
Após a euforia da partida, o clube capixaba se viu diante de um grande prejuízo financeiro. Tanto que no dia 30 de julho de 1965, a edição impressa de A Gazeta publicou uma nota do clube que informava o valor do prejuízo. “A apresentação do Santos FC, na noite de anteontem redundou em fracasso financeiro. O quadro paulista recebeu 20 milhões de cruzeiros e as despesas atingiram cerca de 32 milhões de cruzeiros. O prejuízo do alvirrubro foi da ordem de milhões de cruzeiros”.
28 de julho de 1965: o dia que Pelé jogou no ES
Para não ter sua saúde financeira ainda mais prejudicada, o Santo Antônio ainda solicitou auxílio financeiro ao governador Francisco Lacerda de Aguiar (Partido Social Progressista - PSP), a deputados estaduais e a empresários. O clube já não vivia seus melhores dias. E muitos relatam que começou ali a decadência de um dos times mais importantes do Estado, e que posteriormente abandonou o futebol profissional.
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