O São Mateus segue negociando com o goleiro Bruno, que foi condenado pelo homicídio triplamente qualificado de Elisa Samúdio. O crime culminou em uma pena de 20 anos e 9 meses, mas atualmente o jogador cumpre regime semiaberto. O desejo de contar com o atleta que um dia brilhou com a camisa do Flamengo e foi cotado para ser o dono da camisa 1 da Seleção Brasileira parece cegar a diretoria da equipe do Norte do Espírito Santo para questões importantes que precisam ser destacadas.
Bruno foi preso em setembro de 2010. Desde então não mantém a rotina de um atleta profissional. Com exceção do curto período que passou pelo Boa Esporte entre março e abril de 2017, quando atuou pelo Boa Esporte-MG graças a uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que permitiu que ele fosse solto, mas que foi revogada logo depois. Por mais que o goleiro tivesse um talento acima da média, a falta de dedicação exclusiva por um período de dez anos faz dele um atleta que larga atrás de centenas de concorrentes com melhores condições físicas para defender a meta de um clube.
Se o retorno dentro de campo tende a ser praticamente nulo, fora dele as consequências são ainda piores. A possível contratação de Bruno sob a justificativa de ressocialização pode parecer um gesto de bondade, mas possivelmente está embasada no mesquinho objetivo de ter alguma publicidade para um time que há tempos não tem sucesso no futebol local e que chegou a ameaçar não disputar o Capixabão 2020 por falta de condições e estrutura.
É claro que a ressocialização de um criminoso é um tema que merece a atenção da sociedade, mas será que o São Mateus já utiliza essa prática na contratação de outros funcionários do clube? Ou apenas agora abriu os olhos para a causa, justamente quando pode obter retorno pela prática?
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Na cidade do Norte do Estado, um movimento de protesto foi realizado por mulheres do grupo Coletivo Belas. É claro que elas e outras mulheres se sentem desrespeitadas de ver um homem responsável por um feminicídio ter a possibilidade de exercer sua profissão em um palco que possa alçá-lo a posição de ídolo, por mais que as chances de isso acontecer com a camisa do São Mateus sejam mínimas. Se sob a letra fria da lei Bruno tem condições de trabalhar, ótimo. Que seja até no futebol, mas em outras funções.
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